'Seremos derrotados, se a sociedade não estiver do nosso lado', diz Dallagnol

Estadão Conteúdo
Hoje em Dia - Belo Horizonte
18/11/2016 às 18:15.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:43
 (Reprodução/GloboNews)

(Reprodução/GloboNews)

O procurador da República, Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Operação "Lava Jato", afirmou nesta sexta-feira, 18, que sem o apoio da sociedade, a luta contra a corrupção e impunidade no Brasil será derrotada. Em solenidade de devolução de R$ 204 milhões aos cofres da Petrobras, em Curitiba, ele conclamou cidadãos a "olharem com lupa" a votação do pacote de 10 Medidas de Combate à Corrupção, que acontece na Câmara dos Deputados, na próxima terça-feira, 22, às 14h.

"Não vamos desistir. O problema é que, mesmo não desistindo, nós (força-tarefa da "Lava Jato") seremos derrotados, se a sociedade não estiver do nosso lado", afirmou Dallagnol, em entrevista à imprensa. "Seremos derrotados, se a sociedade não lutar por mudanças, que não são para nós, mas para a própria sociedade, fechando as brechas por onde esses criminosos e o dinheiro público escapam."

Um dos membros da força-tarefa da "Lava Jato", que iniciou o pacote de 10 Medidas - que angariou mais de 2 milhões de assinaturas - apresentado em março ao Congresso, em forma de projeto de lei de iniciativa popular, Dallagnol criticou Congresso e governo. Segundo ele, exemplo da Petrobras, que adotou medidas de compliance, após o escândalo "Lava Jato", para conseguir se reerguer e garantir os investimentos dos acionistas, deve servir para o Brasil. Sem essas medidas, a estatal não teria retomado a confiança do mercado.

"É de certo modo o que está acontecendo no Brasil. É o que acontece na chamada Brasil. Nada foi feito para que o futuro não repita o passado." A força-tarefa da "Lava Jato", composta por Ministério Público Federal, Polícia Federal e Receita Federal, descobriu um mega esquema de desvios em contratos da Petrobrás, que entre 2004 e 2014 teria sangrado em mais de R$ 6 bilhões os cofres públicos, com propinas. A devolução desta sexta-feira foi a terceira realizada nesses 2 anos e 8 meses de operação - a soma das três transferências já chega a aproximadamente R$ 500 milhões.

O valor retorna aos cofres da estatal por meio de acordos de colaboração fechados com pessoas físicas e jurídicas pela Procuradoria da República. "Por isso é importante que todos nós, brasileiros, que somos acionistas e funcionários dessa grande empresa que se chama Brasil, olhemos com uma lupa para o que vai acontecer na próxima terça-feira." Segundo Dallagnol, a aprovação das 10 Medidas vai "revolucionar o combate à corrupção no Brasil".

As propostas serão votadas na comissão especial da Câmara criada para discutir os projetos e tem como relator o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS). "O apoio da sociedade é fundamental. Essa não pode ser uma luta do Ministério Público, precisa ser uma luta, como foi a luta da PEC 37, uma luta da sociedade", afirmou Dallagnol.Leia mais:
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