Servidores concursados trocam de emprego, mas deixam conta

Humberto Santos - Hoje em Dia
02/06/2013 às 08:04.
Atualizado em 20/11/2021 às 18:45
 (Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

O vereador de Sete Lagoas, Cláudio Gonçalves (PT), o Caramelo, vive uma situação curiosa. Servidor de carreira da Cemig, foi eleito vereador da cidade no ano passado e hoje concilia as duas atividades. Porém, antes de ser parlamentar, trabalhou por quatro anos na prefeitura, cedido pela Cemig, que exigiu que a prefeitura arcasse com os seus salários e contribuição previdenciária. Em 2012, a prefeitura não pagou a empresa de energia que cobra R$ 120 mil da atual gestão.

O caso de Caramelo ilustra uma prática comum nos órgãos públicos, de servidores concursados aproveitarem o momento político ou motivações pessoais para “trocar” de emprego. Para se ter uma ideia, do total de 36.436 servidores ativos, a Prefeitura de Belo Horizonte possui 279 servidores cedidos a outros órgãos.

No caso do governo do Estado, o número é ainda maior, com 9.763 funcionários públicos, em um universo de 55 mil servidores. Deslocados para exercerem funções em outro órgão. Na maioria dos casos, o ônus pelo pagamento do salário fica por conta do órgão de origem.

Caramelo é funcionário da Cemig há 24 anos e, em 2009, foi convidado pelo então prefeito de Sete Lagoas, Mário Márcio Campolina (PSDB), para exercer a função de coordenador de iluminação pública. Aceitou a tarefa e começou a trabalhar em julho de 2009 com a expansão da rede de iluminação pública.

Combinado

Pelo acordo feito entre a prefeitura e a Cemig, a concessionária de energia cedia o servidor com ônus total para a administração municipal. Ou seja, ficaria a cargo da prefeitura restituir à Cemig os salários, férias, participação nos lucros e contribuições previdenciárias pagas a Caramelo. No entanto, Campolina deixou de efetuar o pagamento à empresa em agosto de 2011. Com isso, a dívida acumulada da administração municipal com a concessionária ultrapassa mais de R$ 120 mil.

“O Caramelo trabalhava para o prefeito anterior e fez política com esse cargo, tanto que foi eleito vereador. O prefeito que requisitou não pagou a Cemig. Estou pagando, a pedido dele. Ele me pediu quase chorando”, conta o atual prefeito de Sete Lagoas, Márcio Reinaldo (PP).

O parlamentar contesta a versão do chefe do Executivo municipal. “O prefeito me procurou e pediu para continuar na função e que conseguiria a cessão da Cemig de graça. Agora ele está espalhando que não consegui voltar ao cargo e, por isso, estou votando contra os projetos de interesse do Executivo”, retruca o vereador. Caramelo continua trabalhando na empresa e recebe cerca de R$ 4 mil mensais.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por