Uma solenidade vai oficializar nesta quarta-feira (18) a restituição simbólica do mandato de deputado estadual ao político mineiro Armando Ziller, cassado em 1948 por ser filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e defender ideais socialistas. Na época, o país era governado Eurico Gaspar Dutra, que aderiu à politica norte-americana de combate ao comunismo. "Acho que ele foi cassado por uma questão ideológica. Ziller foi eleito pelo PCB na Constituinte de 1946 e ficou conhecido por defender a classe trabalhadora. Mas o registro do PCB foi cassado e, consequentemente, o mandato dos políticos eleitos por meio da sigla", disse a deputada Luzia Ferreira (PPS), autora da Projeto de Resolução (PRE) 4.163/13 que restitui o mandato simbólico ao político. Segundo a deputada, o objetivo da medida é reafirmar o princípio da pluralidade política e ideológica. "Hoje vivemos uma democracia institucionalizada e com uma pluralidade muito grande de pensamentos. Então, além de regatar o mandato de alguem, essa solenidade é um ato de repúdio ao totalitarismo, à intolerância ideológica e em favor da liberdade de opinião e manifestação da socidade", garante. Ainda conforme a deputada, além dos parlamentares, devem participar da solenidade os filhos, netos e um irmão de Ziller que ainda é vivo. Estão sendo esperados também correligionários do político à época dos fatos e colegas de militância do tempo em que o ex-deputado era presidente do Sindicato dos Bancários. Armando Ziller Eleito em 1946 como deputado estadual pelo PCB em Minas, Armando Ziller teve o mandato cassado no ano seguinte e ficou 17 anos exilado no exterior por defender ideais socialistas. O político teve 2.145 votos e foi o quarto mais votado em Belo Horizonta nas eleições. Antes de ser cassado em janeiro de 1948, Ziller participou da elaboração da Constituição do Estado. Além disso, Ziller chegou a presidir o Sindicato dos Bancários de Curitiba e de Belo Horizonte e a Federação dos Bancários e liderou várias greves no Estado. O ex-deputado também ficou quase 20 anos exilado na Europa para não ser preso durante o regime militar no país e só voltou ao Brasil 1980. Em maio de 1992, Ziller morreu em um ataque cardíaco.