Texto de anistia à caixa 2 foi motivado por delações de empresários, diz Valente

Estadão Conteúdo
20/09/2016 às 13:24.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:54
 (Saulo Cruz/Agência Brasil)

(Saulo Cruz/Agência Brasil)

O líder do PSOL na Câmara, deputado Ivan Valente (SP), afirmou que a tentativa de votar um projeto de lei que poderia anistiar a prática de caixa 2 em campanhas tem a ver com o fato de empresários de grandes empreiteiras estarem negociando delações premiadas no âmbito da Operação "Lava Jato".

"Quem vai acreditar que não se quer livrar a cara de todos? Bem na hora em que as duas maiores empreiteiras do País negociam delação, a OAS e a Odebrecht, e têm uma mega lista de parlamentares implicados, o Congresso vem e quer passar uma borracha geral nisso?", afirmou.

Leia mais:

Câmara põe em votação projeto para tentar salvar alvos da Lava Jato
Deputados dizem não saber quem colocou projeto de anistia do caixa 2 em pauta

Segundo Ivan Valente, o projeto só não foi votado na noite de segunda-feira (19) porque houve "uma grita dos deputados que ainda têm juízo". "Eu não pensei que pudéssemos chegar a tanto. Nós não tivemos acesso ao relatório. Esse projeto não tem paternidade. Foi gestado tanto por gente do governo quanto da oposição", disse.

As declarações do líder do PSOL aconteceram durante uma audiência da comissão especial da Câmara que debate o pacote de dez medidas anticorrupção proposto pelo Ministério Público Federal. O tema dominou a discussão do colegiado, que aprovou um requerimento para que o vice-procurador-geral eleitoral Nicolao Dino venha à comissão para falar sobre a criminalização do caixa 2 em campanhas.

Delações

A delação de empresários da Odebrecht, incluindo o dono da empreiteira, Marcelo Odebrecht, está na fase final. Em março, uma planilha com a indicação de pagamentos feitos pela Odebrecht a políticos foi encontrada pela força-tarefa da Operação "Lava Jato". A lista trazia pelo menos 279 nomes ligados a 24 partidos políticos.

A delação da OAS também deve ser retomada após a Procuradoria-Geral da República determinar a suspensão das negociações em agosto, depois de informações sobre o acordo vazarem para a imprensa. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por