(Samuel Costa)
Parentes de vereadores de Lagoa Santa, na Região Metropolitana, estão empregados na administração da cidade. De acordo com uma denúncia feita pela vereadora Aline Aires de Souza, conhecida como Aline da Farmácia (PMDB), pelo menos cinco parlamentares teriam esposas e filhos com cargos no Executivo. Os casos, denunciados no Fórum da cidade, aguardam distribuição no Tribunal de Justiça. “É uma situação descarada”, diz a vereadora.
Todos os vereadores que possuem parentes fazem parte da base aliada do prefeito Rogério Avelar (PPS). Entre os suspeitos de serem beneficiados está o presidente da Câmara, Joaquim Rufino (PPS). A esposa dele, Lidiane Duarte Carvalho, teria uma função de assistente social na cidade. Sem saber do que se tratava, uma funcionária do Centro Administrativo do município confirmou a situação. “A Lidiane trabalha na antiga Febem, com os menores”, disse. Lidiane e Joaquim Rufino não foram encontrados para tratar do assunto.
O Hoje em Dia esteve, na sexta-feira (15), na Câmara Municipal de Lagoa Santa e apenas um vereador foi encontrado no local. Roberto Pereira, chamado de Robertinho (PP), admitiu que a esposa e o filho estão empregados na administração do município. “Assumo que minha mulher e meu filho estão lotados. Minha mulher trabalha desde 2001 na área da saúde e eu assumi o mandato em 2005. Já meu filho faz estágio e foi indicado por uma empresa que cuida dessa situação. Não acho que esses casos caracterizem nepotismo”, afirmou.
O parlamentar tentou justificar a denúncia feita por Aline da Farmácia. “Ela não tem autoridade para falar nada. Ela é investigada por uma CPI e está querendo desviar o foco. A vereadora deveria é devolver o dinheiro que pegou”, disse. Segundo o político, existe uma denúncia contra Aline em andamento na Casa. Ela é suspeita de desviar R$ 500 mil dos cofres públicos.
Além de Rufino e Robertinho, também seriam beneficiados com o esquema os vereadores Geraldo Corrêa de Paula (DEM), vice-presidente da Câmara, José Quintino (PSD) e Carlos Alberto Barbosa (PP).
De acordo com o assessor jurídico da Câmara, Thiago Correa, o Legislativo não foi notificado até o momento e não possui irregularidades.
Além dos casos de nepotismo, a nomeação das pessoas traz à tona uma outra situação: a dependência entre os poderes. Dessa forma, Executivo e Legislativo caminham lado a lado ao invés de exercerem suas funções de fiscalização e controle.
Na cidade, alguns moradores ficaram surpresos com a situação. Outros até admitiram que sabiam do assunto, mas preferiram não gravar entrevista. Porém, houve unanimidade na hora de falar em mudanças no poder. “O povo tem que aprender a votar e acompanhar o que cada político faz pela cidade”, disse o vendedor Ricardo Rocha.