Diferença de valor entre vacinas chega a ultrapassar R$ 200 em BH

Bernardo Almeida
bpereira@hojeemdia.com.br
28/01/2020 às 21:58.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:27
 (Riva Moreira)

(Riva Moreira)

Com variações de até 156% nos preços – e que ultrapassam R$ 200 de diferença entre estabelecimentos da capital –, o site Mercado Mineiro divulgou ontem uma pesquisa com os valores de 24 vacinas em 13 laboratórios da capital.

Para Feliciano Abreu, coordenador do Mercado Mineiro, tamanha diferença é inexplicável. “Se você vai em um laboratório e determinada vacina custa R$ 30, vai em um outro e custa uns R$ 90, você tem que ser imunizado do mesmo jeito em ambos, não existe uma diferença de eficácia que justifique tamanha discrepância, não é como se no mais barato você saísse só 70% imunizado”, contesta Abreu.

Ele acredita que falta informação para a população sobre esse mercado, o que muitas vezes contribui para as discrepâncias de preço. O fenômeno atinge especialmente pais, temerosos em optar por uma proteção de qualidade aparentemente menor para os filhos.
A pesquisa também verificou a variação dos preços médios das vacinas em relação ao ano passado. “Algumas sobem muito e outras caem muito. Em geral, o preço está razoável”, analisa Abreu. 

A maior variação negativa foi da vacina para gripe - Influenza (Tetravalente), que caiu de R$ 96,62 para R$ 62,50 (redução de 35,35%). Já o aumento mais gritante foi registrado na vacina contra Meningite C, que pulou da média de R$ 215,75 no ano passado para R$ 306,67 (alta de 42,14%). 

É a mesma vacina que se destaca entre as maiores variações de preços, quando analisados valores de cada laboratório. O mais baixo encontrado foi de R$ 200 e o maior, de R$360, com uma variação de 80%. A vacina para Gripe - Influenza (Tetravalente) custa entre R$50 e R$90.

Entre as doses que mais se distanciam em preços estão a BCG (contra tuberculose), com valores que podem ir de R$50 a R$128 (156%), e a contra pneumonia(pneumo 23), que vai de R$ 90 a R$ 195 (variação de 116%)

A vacina contra o rotavirus (GSK), com duas doses, custa de R$ 210 a R$440 (diferença de 109%) e a vacina contra Hepatite ‘A’ Adulto, que varia 62%, tem preços entre R$110 e R$179.

“O objetivo da pesquisa é alertar o consumidor, que tem criança pequena, recém-nascido, e que gasta muito com essas vacinas. Existe uma diferença muito grande de preços, e muitas vacinas você precisa aplicar inúmeras vezes”, pontua Feliciano Abreu.

É o caso da empresária e assistente social Verônica Fiorini, de 25 anos. Mãe de Lorenzo, com 8 meses, ela calcula já ter desembolsado cerca de R$ 6 mil com as vacinas da criança, custo que não é ressarcido pelo plano de saúde. E ainda enfrenta um problema relativo à vacina contra meningite ACWY, não ofertada pela rede pública, e em falta nos laboratórios particulares de BH. 

“Aí, tivemos que pagar adiantadamente para reservar uma vacina cara, mas, até agora, nada”, diz.

Em nota, a Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC) respondeu ao questionamento feito por Feliciano Abreu sobre o que considera uma variação injustificada dos preços. Segundo o órgão, a afirmação é equivocada, “pois não considera toda a cadeia e os processos envolvidos na vacinação”, citando os custos diferentes desde o equipamento para armazenamento constante das vacinas (câmaras frias, geradores e no-breaks) e pessoal (médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde).

Segue abaixo a nota na íntegra.

A Associação Brasileira de Clinicas de Vacinas (ABCVAC) tem algumas ponderações a respeito da reportagem “Diferença de valor entre vacinas chega a ultrapassar R$ 200 em BH”, publicada nesta quarta-feira, 29 de janeiro de 2020, no portal Hoje em Dia:

A “comercialização” de vacinas na verdade é uma prestação de serviço, de acordo com Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) nº 86.30-5-06 - Serviços de vacinação e imunização humana. Portanto, empresas prestadoras de vacinação possuem legislação e carga tributária de serviços;  

As vacinas são imunobiológicos termossensíveis e necessitam armazenamento constante entre 2° C e 8° C, utilizando-se de equipamento próprio de resfriamento (câmaras frias) além de geradores e no-breaks para manutenção da energia do equipamento;

Dentro de qualquer varejo farmacêutico a vacina é um produto, um medicamento, por este motivo ela tem que ser dispensada e administrada por um farmacêutico ou outro profissional da saúde que esteja regularmente habilitado;

Para a manutenção dos serviços de uma clínica de vacinação é utilizada mão de obra específica, como profissionais de enfermagem ou farmacêuticos, que necessitam de treinamentos e qualificações constantes, visto as mudanças frequentes de calendários vacinais e oferta de vacinas no mercado público/privado;

Normalmente as clínicas dispõem de médicos como responsáveis técnicos, que oferecem suporte para casos de reação adversa, dúvidas em imunização, entre outros;

A comparação de preços em quaisquer serviços requer cautela, visto que as empresas utilizam de diferentes serviços agregados e diferentes centros de custo, portanto a afirmação do sr. Feliciano Abreu de que “Se você vai em um laboratório e determinada vacina custa R$ 30, vai em um outro e custa uns R$ 90, você tem que ser imunizado do mesmo jeito em ambos, não existe uma diferença de eficácia que justifique tamanha discrepância, não é como se no mais barato você saísse só 70% imunizado”, é equivocada, pois não considera todo a cadeia e processos envolvidos na vacinação.

A ABCVAC está à disposição para maiores esclarecimentos e para contribuir no que for necessário para o entendimento da população acerca dos serviços ofertados pelas clínicas de vacinação.

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