Preço do minério cai mais e leva a 22 demissões por dia

Bruno Porto - Hoje em Dia
20/03/2015 às 07:37.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:25
 (samuel costa 21/3/2014)

(samuel costa 21/3/2014)

Nos últimos 19 dias as mineradoras com atuação em Minas Gerais colocaram na rua pelo menos 435 trabalhadores, e pelo menos uma mina teve a produção suspensa, segundo os sindicatos dos trabalhadores na indústria extrativa. No trimestre, o contingente de demitidos se aproxima de 800.

A crise na mineração está relacionada com a demanda internacional pela commodity, que tem suas perspectivas diretamente atreladas ao mercado chinês – o maior comprador mundial do produto – e com a redução de crescimento da economia asiática neste ano.

Não há, no curto prazo, projeções animadoras. O banco Citi publicou relatório neste mês onde aponta que o minério de ferro deverá atingir a cotação de US$ 50 por tonelada no curto prazo e encerrar o ano em US$ 58. na última quinta-feira (19), estava precificado a US$ 54,50, o menor valor desde dezembro de 2007, antes do início do ciclo de valorização, que atingiu ápice em fevereiro de 2011, com preço de US$ 187,18 por tonelada.

Segundo o Sindicato Metabase de Brumadinho, a mineradora Ferrous desligou 200 trabalhadores dos 360 que empregava na mina no município. “O restante ou ficou para serviços de manutenção da estrutura ou foi direcionado para a unidade de Congonhas, onde a empresa também produz”, disse o diretor do sindicato, Agostinho José de Sales.

A assessoria de imprensa da Ferrous admitiu as dispensas, embora não tenha informado a quantidade, e confirmou a transferência de 160 trabalhadores para Congonhas. No entanto, segundo a companhia, a mina não foi desativada, mas tanto a unidade de Brumadinho como a mina Santanense, em Itatiaiuçu, tiveram a produção reduzida em função da desvalorização do minério.

“No dia 02/03, a Ferrous reduziu as atividades nas respectivas minas, localizadas nos municípios de Brumadinho, São Joaquim de Bicas e Itatiaiuçu. Vamos manter apenas um efetivo compatível com a operação e manutenção das estruturas existentes, até que o preço do minério de ferro permita o retorno das operações a plena capacidade”, informou a empresa.

Em Congonhas, o grupo CSN/Namisa também realizou dispensas. Segundo o sindicato dos trabalhadores, as demissões neste mês atingiram outros 200 profissionais. Procurada, a empresa não comentou o assunto.

Em Mariana, a gigante do setor, Vale, desligou 107 trabalhadores nos últimos três meses, informou o sindicato. A companhia se posicionou via assessoria de imprensa.

“A Vale mantém uma taxa de rotatividade bem abaixo da média da indústria brasileira de mineração e siderurgia, que é de 15%. A empresa reforça que, para se adaptar ao atual cenário da mineração, tem focado suas atenções no rigor na alocação de recursos, na otimização e simplificação de processos e no desenvolvimento de ativos de classe mundial, em busca de mais produtividade e para garantir o retorno desejado para seus acionistas”, informou, em nota.

A LGA, mineradora com operação em Miguel Burnier, distrito de Ouro Preto, dispensou 50 pessoas, número equivalente à metade de seus funcionários, informou o sindicato.

Em Poços de Caldas, na Mineração Curimbaba, que explora bauxita, as demissões somam 345 desde agosto do ano passado. Conforme o sindicato, o redimensionamento do quadro de funcionários já terminou. A empresa informou que devido a dificuldades atravessadas por seus clientes no exterior, que atuam no setor de petróleo, a companhia teve que ajustar a produção à demanda, e as dispensas foram consequências dessa política. O petróleo atravessa período de desvalorização.

 

 

Cortes rondam empresas metalúrgicas e automotivas

A onda de demissões também teria atingido empresas fabricantes de alumínio. Em Poços de Caldas, a Alcoa teria iniciado em maio do ano passado uma readequação do seu quadro de funcionários, um processo que se estendeu até este mês.

“De maio do ano passado até hoje (na última quinta-feira, 19) a empresa deixou de empregar 450 pessoas, reduzindo o número de empregados de 1.100 para 650. Neste mês foram 35 demissões”, disse o presidente do sindicato, Ademir Angelini.

Segundo ele, a empresa alega alta de custos, como o da energia elétrica. Os fabricantes de alumínio são eletrointensivos. De acordo com o dirigente sindical, a produção da empresa foi drasticamente reduzida. “Como a empresa produz parte da energia que consome, eles optaram por diminuir a produção e vender energia”, afirmou Angelini.

A companhia nega as informações do sindicato. “A Alcoa esclarece que não há processo de desmobilização de trabalhadores na unidade em Poços de Caldas, além da rotatividade normal do setor industrial. A companhia também comunica que a informação de 35 demissões que teriam ocorrido neste mês, não procede. A planta segue com seu quadro dentro da normalidade e não há programação para ajustes em sua produção até o momento”, afirmou, em nota.

No setor metalúrgico, a Mercedes-Benz, que abriu Plano de Desligamento Voluntário (PDV) na sua unidade no ABC Paulista, informou que a medida não será estendida para a planta de Juiz de Fora, na Zona da Mata. Na unidade mineira, porém, 170 funcionários estão em “Lay-off” (suspensão temporária dos contratos de trabalho) até 30 de abril.

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