( FLAVIO TAVARES)
A Associação dos Desenvolvedores do Vetor Norte (AV Norte) realiza hoje, no Hotel Ouro Minas, no bairro Ipiranga, Região Nordeste de Belo Horizonte, reunião com autoridades, entidades e associações para discutir como barrar o retorno das aeronaves de grande porte ao Aeroporto da Pampulha. O caminho judicial não está descartado.
No evento, será apresentado um documento assinado por 12 prefeitos de municípios que compõem o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região do Calcário (CISREC) e por sindicatos e associações que apoiam o desenvolvimento econômico do Vetor Norte, região onde está localizado o Aeroporto de Confins, concorrente do terminal da Pampulha.
O texto será encaminhado para a bancada mineira na Câmara dos Deputados, para os senadores que representam o Estado e para a Presidência da República durante caravana a Brasília, marcada para a próxima semana.
O manifesto tem o intuito de alertar as autoridades sobre possíveis prejuízos à região, caso a liberação dos jatos seja efetivada, como explica Astrid Dias, diretor executivo da AV Norte.
“O objetivo é alertar os políticos sobre a irresponsabilidade que vem sendo feita. Nosso objetivo é lutar pelo desenvolvimento sustentável da região. Isso nada mais é do que aperfeiçoar o modal aéreo, que é espetacular, e que os mineiros, com certeza, tem orgulho de possuir”, destaca.
O diretor também revela que no evento será divulgado o nome, a logo e o site de um movimento contrário à reativação dos grandes voos no terminal.
Prejuízos
Para a AV Norte, além do possível impacto negativo no desenvolvimento econômico e na geração de empregos na região, o aumento na demanda na Pampulha pode prejudicar diretamente a participação de Belo Horizonte nas principais rotas de aviação do país.
“Estudos realizados pela BH Airport (concessionária que administra o Aeroporto Internacional de Confins) comprovam que, com a possível falta de conectividade, nós perderemos a oportunidade de trazer novos voos internacionais para capital. Belo Horizonte vai deixar de ser um ponto de conexão. Com isso, São Paulo e Rio vão ganhar mais espaços nos seus respectivos aeroportos. Nesse cenário, Belo Horizonte vai continuar sendo apenas um vagão, não uma locomotiva”, diz Astrid Dias.
Segundo ele, o principal líder do movimento é o prefeito de Lagoa Santa, Rogério Avelar (PPS). A reportagem tentou contato com o prefeito, mas não obteve retorno até o encerramento dessa edição.
Além Disso
A divergência em relação à liberação dos voos de grande porte no Aeroporto da Pampulha teve início no dia 25 de outubro, quando o governo federal publicou uma portaria que revogou a decisão que vetava o retorno das grandes aeronaves ao terminal. Desde então, a BH Airport e a Pro-Civitas, Associação dos Moradores dos bairros próximos ao aeroporto, lutam para reverter o quadro.
A concessionária que administra o aeroporto de Confins aguarda o parecer do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre o mandado de segurança impetrado contra suspensão de portaria que autorizou a retomada dos voos na Pampulha. Entretanto, a volta dos grandes voos ao aeroporto já está em estágio avançado.
Na última semana, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) divulgou o resultado da solicitação de alocação dos slots – direito de usar a estrutura para pousar e decolar do aeroporto. Com isso, as companhias aéreas já se mobilizam para solicitar a aprovação das novas rotas de voos que vão operar no local. No último levantamento da Anac, as empresas haviam demandado 77 novas rotas para a Pampulha.