Presentes preferidos pelas mães têm até 79% de impostos embutidos no preço

Tatiana Moraes
09/05/2019 às 21:50.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:35
 (Riva Moreira)

(Riva Moreira)

Tradicionalmente, os brasileiros gostam de dar presentes no Dia das Mães, considerada pelos lojistas a segunda melhor data do comércio, atrás somente do Natal. O que poucos sabem é que por trás do produto escolhido há uma enorme carga tributária embutida no preço final. 

Em alguns casos, como no perfume importado, o consumidor chega a pagar 78,99% de tributos. Isso significa que a cada R$ 100 gastos com perfume, R$ 78,99 vão para o governo.

Os dados são resultado de um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), a pedido da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Os impactos dos altos impostos, segundo os lojistas, são negativos, já que, na avaliação deles, não há percepção direta da aplicação dos recursos em áreas fundamentais para o desenvolvimento da sociedade, como educação e saúde. 

Em contrapartida, a redução das alíquotas poderia incentivar o consumo, aumentando o faturamento das empresas e, consequentemente, o investimento delas no próprio negócio, culminando em novos empregos. Isso, se a redução fosse repassada para o preço final.

“Se diminuísse a carga tributária e os preços caíssem na mesma proporção, as vendas possivelmente aumentariam, girando o dinheiro”, afirma o economista e coordenador do curso de administração do Ibmec, Eduardo Coutinho. 

A diretora comercial da Yeva Cosméticos, Carina Soares de Paiva Leite, concorda que as vendas no Dia das Mães poderiam ser maiores se os impostos não fossem tão altos. A carga tributária dos cosméticos é de 55,27%. 

“Com alíquotas menores, a empresa teria uma margem melhor para trabalhar e aplicaria um preço mais baixo ao produto, incentivando o consumo. Com mais rentabilidade, também poderíamos aumentar a produção, investir mais e gerar emprego interno e externo, alimentando o círculo econômico”, afirma.  

Formalização

Além disso, a alta tributação também impede a formalização de alguns setores e aumenta o contrabando, conforme afirma o presidente do Sindicato das Indústrias de Joalheria, Ourivesaria, Lapidação de Pedras Preciosas e Relojoaria de Minas Gerais (Sindijoias) e empresário, Manoel Bernardes.

Hoje, o sindicato luta para retirar o Imposto Sobre Produto Industrializado (IPI), de 12%, das peças. “Joias é o único segmento no setor da moda que paga IPI”, critica Manoel Bernardes.

Na ponta da cadeia, as joias têm imposto de 50,44%. Isso significa que mais da metade do valor do produto vai para o Leão. 
O empresário pondera, no entanto, que em 2007 o ICMS do segmento foi reduzido para 12%, um dos menores do país. 

“Em 10 anos, a arrecadação estadual com o setor aumentou 10 vezes. E isso aconteceu porque aumentou a formalização. Esse exemplo comprova a necessidade de reduzir os tributos”, justifica.

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