Projeto da prefeitura é derrotado na Câmara e vereadores criticam Lamac

Filipe Motta
fmotta@hojeemdia.com.br
13/02/2017 às 18:48.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:54

O prefeito Alexandre Kalil (PHS) sofreu nesta segunda-feira (13) a sua primeira derrota na Câmara Municipal, o que na avaliação de parte dos vereadores é um indicativo de insatisfação de parte da Casa com a articulação política feita pelo vice-prefeito Paulo Lamac (Rede), que é secretário de governo.

Ainda que seja de autoria da gestão Marcio Lacerda (PSB) e não tenha impactos estruturais na gestão, o projeto não aprovado, que criaria o Fundo Municipal de Esportes, foi à votação a pedido do atual governo. A proposição precisaria de 21 votos para ser aprovada, mas recebeu 19. Dos demais vereadores presentes, oito votaram contra e quatro se abstiveram. 

Antes da sessão, o líder do governo na Casa, Gilson Reis (PCdoB), chegou a fazer uma contagem que indicava um placar de 24 votos favoráveis ao projeto. Depois, mostrou incômodo com o resultado obtido.

"Dizer que vai votar 'não' e, de fato, votar 'não' é uma coisa. Falar que vai votar 'sim' e, na hora, votar 'não' é outra", alfinetou no plenário. "Desde que tomei posse aqui, no outro mandato, mostrei que era oposição. Não ficava fazendo joguinho de dizer que votaria a favor e, depois, votar contra", disse, se referindo aos que voltaram atrás.

A não aprovação do texto, no entanto, foi lida como forma de reforçar o descontentamento de parte dos vereadores que apoiaram a eleição do prefeito com Lamac, ainda que Kalil seja preservado das críticas. Um dos principais articuladores da campanha de Kalil à prefeitura, Gabriel Azevedo (PHS) foi explícito. “Recomendo que o vice volte a ser vice-prefeito, porque como secretário de governo tem sido uma tragédia”, disse no plenário.

Azevedo foi seguido por outros vereadores, como Prof. Wendel (PSB). “O vereador Gabriel trouxe uma denúncia gravíssima, de que as nomeações do governo, que não seriam políticas, de acordo com as promessas de campanha, têm sido. Inclusive com a sogra de um deputado federal sendo contemplada”, criticou.

O tira-teima da atual queda de braços se dará na próxima quarta-feira, quando a prefeitura oferecerá um café da tarde aos vereadores, com a presença dos secretários municipais. Um bom quórum de vereadores no encontro será importante para o governo estancar o início de sangria, apontam.

Homofobia
Durante as discussões no plenário, o vereador Jair di Gregório (PP), usou o termo “maricas” enquanto argumentava com Gilson Reis que, na sequencia, criticou o colega pelo uso de termo. O líder do governo foi acompanhado pela vereadora Áurea Carolina (Psol).

“Em relação à fala homofóbica, é assustador que isso ocorra nesta Casa. Vivemos em um país em que pessoas são mortas por sua orientação sexual. O clima de ódio que existe no país e atinge gays, lésbicas e transexuais não pode ter lugar por aqui”, disse Áurea.

Jair de Gregorio tentou sair da situação que criou. “Não fui homofóbico. Usei o termo 'maricas' para se referir a quem faz futricas. Tenho amigos gays”, disse, mas foi vaiado e abafado com gritos de protesto de pessoas que acompanhavam a sessão nas galerias: “Machistas, fascistas, não passarão”, bradaram.

Reforma administrativa
O governo municipal ainda deve demorar mais cerca de dez dias para apresentar a proposta da reforma administrativa para apreciação da Câmara. A justificativa dos aliados é de que, inicialmente, o Executivo pretendia apresentar a reforma em duas partes: uma relativa aos funcionários estatutários e outra, dos celetistas. No entanto, a prefeitura decidiu unir as duas propostas em uma só, o que tem demandado mais tempo para a costura final do texto. Com o adiamento, o projeto deve ser apreciado somente em março.

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