Promessas de Dilma em Davos

Hoje em Dia
25/01/2014 às 08:44.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:34

A presidente Dilma Rousseff, o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central estavam ontem em Davos, na Suíça, tentando convencer os investidores estrangeiros de que o país continua sendo um bom lugar para ganhar dinheiro. Não era, portanto, o melhor dia para o BC divulgar que o déficit de nossa conta externa aumentou em 50% no ano passado e que, pela primeira vez desde 2001, os investimentos estrangeiros caíram 1,87%, para US$ 64 bilhões, e não foram suficientes para financiar o déficit externo.

Na véspera, um grande site de notícias, o G1, já havia destacado notícia publicada naquele dia pelo jornal “Financial Times” com base em dados divulgados pelo BC, começando por esta frase: “O Brasil era o queridinho dos investidores há apenas quatro anos, mas para muitos agora se tornou pária.” Pelos cálculos desse jornal, muito lido por banqueiros no mundo todo, os investidores perderam quase US$ 285 bilhões no Brasil nos últimos três anos.

Em seu discurso de 33 minutos no Fórum Econômico Mundial, Dilma Rousseff, que inaugurava sua participação em Davos desde que assumiu o cargo, tratou de desfazer qualquer dúvida de que o Brasil não era mais um bom país para se investir. Segundo a presidente, ainda que os países desenvolvidos deem sinais claros de recuperação da crise de 2008, voltando a atrair investimentos, as economias emergentes continuarão desempenhando papel estratégico, pois possuem grandes capacidades de investimento e de ampliação do consumo num horizonte de médio e longo prazo.

Dilma fez um relato das medidas tomadas pelo governo para controle da inflação e da dívida pública, frisando que temos um dos menores endividamentos públicos do mundo e reservas internas de US$ 376 bilhões. Reafirmou a decisão de respeitar os contratos existentes e de ampliar o programa de concessões de rodovias, ferrovias, aeroportos e portos, abrindo oportunidade para investimentos privados brasileiros e estrangeiros na infraestrutura. Segundo Dilma, o Brasil está sendo construído sem abdicar de seus compromissos com a solidez dos fundamentos econômicos.

Tudo o que os empresários reunidos em Davos gostam de ouvir dos governantes, e é mais fácil convencer aquele que ouve o que deseja ouvir.

Antes de Dilma, o presidente do BC, Alexandre Tombini, participou de um debate sobre o futuro da política monetária. Disse que os números mais recentes sobre a inflação “nos dão uma resposta de que política monetária também funciona no Brasil”.

Na véspera, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já havia debatido em Davos, defendendo mudanças nos modelos de expansão do grupo de países emergentes, para que continuem liderando o crescimento da economia mundial. E indicou que no Brasil o foco passa a ser o investimento e não o consumo. Parece ser o rumo certo.

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