Receita anticrise: Redes de drogarias expandem lojas e apostam em crescimento

Lucas Borges
lborges@hojeemdia.com.br
02/02/2018 às 22:32.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:07

Maurício VieiraPara se manter ativas, pequenas drogarias, como a Europafarma, investem em atendimento personalizado ao cliente

Enquanto o país tenta sair da crise econômica que insiste em incomodar nos últimos anos, ao menos um segmento conseguiu passar ileso por esse período conturbado: o farmacêutico. Apesar do cenário crítico, o setor segue cada vez mais forte no mercado. A busca dos brasileiros por melhor qualidade de vida é um dos fatores que têm levado à expansão da área, segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). Basta dar uma volta pelas ruas da capital para perceber o aumento desse tipo de estabelecimento.

Dados da Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (Jucemg) apontam 46 novas farmácias na capital somente no ano passado, superando a quantidade de inaugurações em 2016, que ficou em 36 unidades. Gigantes como as drogarias Araujo, Raia e Pacheco disputam cada espaço nos principais bairros de Belo Horizonte.

No âmbito nacional, a representatividade do setor também é expressiva. Conforme a Abrafarma, que conta com 26 associados, a movimentação financeira em 2017 chegou a R$ 40,39 bilhões, indicando um crescimento de 8,84% em relação ao ano anterior que registrou o total de R$ 39,46 bilhões. Para 2018, a expectativa é a de incremento superior a 10% nas vendas.

Na avaliação da associação, “o constante investimento em logística, distribuição e abertura de novas lojas é o principal responsável pela expansão do grande varejo”. Além disso, a população brasileira está envelhecendo e o sistema de saúde público, conforme a Abrafarma, não consegue absorver “tanta demanda em um território imenso”.

Demanda

Presidente-executivo da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto afirma, ainda, que a expansão do setor é consequência do maior grau de exigência do consumidor, que favoreceu as marcas com mais representatividade geográfica e fôlego financeiro. “As principais redes do país beneficiaram-se da sua maior capacidade de gerenciar seus estoques e a compra em grande escala de medicamentos e não medicamentos”, afirma.

Exemplo disso é a Drogaria Araujo, a maior rede do Estado e a décima do país em relação ao número de lojas, de acordo com a associação. O grupo é um dos principais responsáveis pela expansão do segmento farmacêutico tanto na capital quanto em Minas Gerais.

Modesto Araujo, presidente da marca, já havia declarado que a expectativa era a de encerrar 2017 com 40 novas unidades, somando 200 no Estado. A intenção era levar a marca para outros municípios, entre eles Pará de Minas, Divinópolis, Barbacena e Conselheiro Lafaiete.

Planos de crescimento também têm a maior rede de drogarias do país e da América Latina: o grupo Raia e Drogasil, que conta com 1,6 mil lojas. Com mais de cem filiais em território mineiro, a ideia é expandir o número de estabelecimentos em 2018 e 2019, com a pretensão de abertura de 240 farmácias por ano.

Concorrentes

Para trás não ficam as pequenas drogarias. No intuito de fazer frente às grandes redes, elas apostam em atendimento e serviços diferenciados para permanecerem ativas no mercado.

É o caso da Europafarma, localizada no bairro Jardim Europa, em Venda Nova, na capital mineira. Proprietária da farmácia, Nina Alves garante que o segredo é trabalhar para conseguir melhores condições de compras. “Nos associamos com outras drogarias menores para tentar medicamentos a preços mais baixos. Além disso, o atendimento personalizado fideliza o cliente. Também oferecemos serviços grátis, como aferição de pressão e aplicação de injeções”, diz a comerciante.


Busca por medicamentos mais em conta elevam vendas dos genéricos

Ao mesmo tempo em que as farmácias crescem em quantidade em todo o país, os medicamentos genéricos ganham cada vez mais o gosto dos consumidores. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (PróGenéricos), o segmento encerrou 2017 com um crescimento de 11,78% no volume de unidades vendidas. Enquanto foram comercializados 1,1 bilhão de remédios do tipo em 2016, a soma subiu para 1,2 bilhão no ano passado.

O aumento fez com que os genéricos, que custam cerca de 60% a menos que os de referência, registrassem R$ 7,5 bilhões em vendas, o que representa 32,46% do total de medicamentos comercializados. A taxa é 15,82% maior que a de 2016. 

O setor farmacêutico geral registrou R$ 56,8 bilhões de vendas, o que também acarretou em alta de 11,73% em relação ao ano anterior.



Fatores

Para Telma Salles, presidente da Pró-Genéricos, a grande demanda pelos genéricos é motivada pela qualidade e segurança das fórmulas. “Também está associada ao momento econômico do país. As pessoas passaram a buscar alternativas para manter o tratamento, passando a comprar os mais em conta”, acrescenta.

Em relação ao prognóstico para 2018, Telma se diz otimista e garante que o setor não foi afetado pela crise econômica brasileira.
A presidente da associação espera manter as taxas de crescimento. “Mas, claro, temos uma perspectiva de maiores índices, até mesmo chegar a 15%. A indústria continua investindo muito no setor, não há nem um tipo de retração nem intenção em diminuir a verba”, frisa Telma.

Outro dado que chama a atenção é o de que somente os 14 medicamentos genéricos lançados no mercado em 2017 são capazes de movimentar R$ 527 milhões por ano, segundo a PróGenéricos.

  

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