Rejeição ao PT favorece reeleição de prefeito em Juiz de Fora

Filipe Motta
fmotta@hojeemdia.com.br
25/10/2016 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:22
 (Thiago Britto/Divulgação)

(Thiago Britto/Divulgação)

A rejeição ao PT pode ajudar a definir o cenário eleitoral em Juiz de Fora, a quarta maior cidade mineira. Na disputa, polarizada entre o Partido dos Trabalhadores e o PMDB, 54% de eleitores afirmam não votar em hipótese alguma na candidata petista, Margarida Salomão, de acordo com o Instituto de Pesquisas Doxa.

O levantamento, contratado pelo Sindicato dos Metalúrgicos local e aplicada nos dias 15 e 16, mostra que 49% do eleitorado prefere o peemedebista e atual prefeito Bruno Siqueira, enquanto 31% apóiam Margarida.

No primeiro turno, o candidato do PMDB teve 39,07% dos votos (103,8 mil), aparecendo à frente na pesquisa Ibope divulgada no segundo turno (dia 13), com 54% das intenções de voto, contra 25% de Margarida. 

Já a petista teve 22,38% dos votos (59,5 mil) no primeiro turno, média que vem mantendo também neste segundo turno.

Apoio

Deputada federal em segundo mandato, Margarida Salomão recebeu apoio maciço do PT no segundo turno, que aposta na candidata como a última chance de conquistar um pólo regional em Minas.

Cerca de 75% (R$ 350 mil) do valor arrecadado por sua campanha até o dia 13 (R$ 460 mil) havia sido repassado pelo fundo partidário do PT.

O principal desafio da ex-reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), no entanto, é a rejeição ao próprio partido. Enquanto Bruno Siqueira é rejeitado por 38% dos eleitores, Margarida tem a negativa de 54% dos entrevistados.

“(A gestão) pretendia-se nova, mas revelou-se mais do mesmo. Novo, inovação, não é bugiganga”Margarida Salomão (PT), sobre bruno Siqueira

Para crescer, Margarida tenta explorar fragilidades na gestão de Siqueira, que é engenheiro civil e teve três mandatos como vereador e foi eleito deputado estadual em 2010, antes de se tornar prefeito.

Um dos focos da crítica é a área de Saúde, de falta de medicamentos e epidemia de dengue a problemas no atendimento primário. “Elas (‘as elites da cidade’) se unificam em torno de uma candidatura que, há quatro anos, pretendia-se nova, mas que revelou-se mais do mesmo”, critica Margarida.

Caso reeleito, Siqueira dará continuidade à hegemonia do PMDB em Juiz de Fora, governada pelo partido em 30 dos últimos 40 anos, numa linhagem forjada por Itamar Franco.

Margarida também tem defendido que muitas das obras realizadas pelo PMDB na cidade, como a construção de seis creches, pontes e o projeto de despoluição do rio Paraibuna, ainda em andamento, só foram possíveis devido às transferências dos governos Lula e Dilma.

“Estamos diante de duas formas de gestão. No nosso caso, sempre gastamos menos do que arrecadamos”Bruno Siqueira (PDMB), sobre o PT

 Retomada da força industrial da cidade permeia o debate

O candidato à reeleição, Bruno Siqueira, tem explorado a rejeição do eleitorado ao PT. Siqueira aponta dificuldades dos petistas em administrar, recorrendo a problemas da gestão Dilma Rousseff à frente da Presidência, além do que vê como falhas, pelo país, na gestão de prefeitos do partido da sua adversária.Divulgação / N/A

O enfraquecido PT colabora para maior rejeição de Margarida Salomão

“Estamos diante de duas formas de gestão neste segundo turno. No nosso caso, tomamos o cuidado, sempre, de gastar menos do que arrecadamos. Tivemos, com apoio da iniciativa privada, uma consultoria especializada para incorporar essa prática na cultura da prefeitura. Criamos um comitê gestor, formado em sua maioria por funcionários de carreira, que analisa cada gasto executado em todas as secretarias”, disse o candidato ao Hoje em Dia.

Manchester

Já Margarida Salomão tem reforçado, na campanha, a necessidade de Juiz de Fora retomar o protagonismo econômico que perdeu no Estado. A produção industrial fez a cidade ser conhecida, no passado, como “Manchester mineira”.

“É plenamente possível fazer de Juiz de Fora um centro de turismo de negócios, de eventos acadêmicos. Além disso, com nossos recursos, podemos ter um parque tecnológico que será fonte de emprego, renda e desenvolvimento. É possível fazer com que a cidade se torne uma referência de comércio popular. Isso, é claro, sem esquecer de nosso histórico de cidade industrial”, diz.

Siqueira contrapõe, afirmando que o cenário de oportunidades já existe. “Temos condições e uma carta de atrativos para grandes e médias empresas, além de garantir apoio para a manutenção das empresas já instaladas e para os pequenos e micro empreendedores. Está em curso, por exemplo, a instalação, na cidade, da maior indústria de massas e biscoitos da América Latina. Talvez seja um dos maiores investimentos hoje em andamento no Estado, com R$ 400 milhões e 600 empregos diretos” aponta. 

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