Ronaldo Fraga, um dos destaques desta quinta, redescobre o couro

Flavia Guerra
31/10/2013 às 15:00.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:48

Ronaldo Fraga é um dos destaques desta quinta-feira (31), ao lado de Pedro Lourenço, Gloria Coelho, Lino Villaventura e Colcci, que traz a top Gisele Bündchen ao País após mais de dois anos de ausência.

Já Ronaldo traz ao SPFW a coleção CarneSeca, inspirada no couro brasileiro, em que 90% de suas criações são produzidas com a matéria, que nunca havia ganhado este destaque nas outras coleções do estilista mineiro. "Participei de um projeto que visa a valorização do design brasileiro. O Brasil hoje é o país que mais exporta couro. O mundo inteiro consome e copia, e nem mesmo sabe que era couro brasileiro", comentou à reportagem.

Para essa pesquisa, foi ao Rio Grande do Sul, interior de São Paulo, Ceará e Petrolina. "Uma das coisas mais interessantes foi entender, mais que a produção econômica, um ofício que explica a formação cultural das regiões. A gente entende a formação da imigração italiana e alemã no Rio Grande do Sul, por exemplo. E também a da cultura sertaneja. Sou fascinado por ela."

O que vai se na passarela hoje é o resultado da parceria de Fraga com diversos curtumes que visitou. "É um universo que, por si só, evoca a cartela de cores. A terra, o céu azul, o branco... Esta é uma indústria de, acima de tudo, reciclagem. Não se mata o boi só pelo couro. Uma peça de couro é uma peça viva. Está em eterno processo de transformação."

Para Fraga, foi a chance de entender uma indústria que é, também, um vetor cultural. "Me fez cair de paixão", comentou o estilista. A propósito, quando questionado sobre a vertente cultural de sua moda, Fraga respondeu que "pelo viés da cultura se estimula desejo". "Não dá para dissociar a função cultural da função econômica. "

A coleção que o estilista apresenta foi aprovada para ter seu custo captado por patrocínio através da Lei Rouanet. Mas, por questões de prazo, isso não aconteceu. "Quando me perguntaram se eu tinha uma coleção para inscrever na Lei, eu tinha. E era esta. Não fiz uma coleção para a Lei. Todas as minhas coleções sempre têm este viés cultural, este trabalho não se resume à passarela, mas se desdobra em mostras, livros, formação, palestras..."

"Pretendo reformular o projeto, que inclui ainda o próximo desfile, para março/abril, e voltar a procurar patrocínio", contou. "A discussão em torno da Lei, do meu projeto, do Pedro Lourenço, do Herchcovitch, foi muito rasa. Mas serviu para levantar a discussão. Estamos abrindo precedentes."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://www.estadao.com.br

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