Sabatina HD - Claudiney Dulim (Avante): ‘Temos que reformar a Previdência’

Bruno Inácio
binacio@hojeemdia.com.br
20/09/2018 às 19:31.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:34
 (Flávio Tavares / Hoje em Dia )

(Flávio Tavares / Hoje em Dia )

Claudiney Dulim (Avante) quer governar Minas Gerais para tentar zerar o déficit orçamentário do Estado por meio de uma negociação da dívida mineira com o governo federal, além de promover o enxugamento da máquina. Essas são algumas das principais propostas do candidato apontadas em entrevista ao jornal Hoje em Dia. 

O candidato Fernando Pimentel (PT) seria o entrevistado de hoje. Porém, cancelou a agenda. Nova data é negociada com o postulante ao Palácio da Liberdade.

Na próxima segunda-feira, às 14h30, Adalclever Lopes (MDB) vai expor suas propostas para governar o Estado, caso seja eleito. As entrevistas são realizadas no estúdio da TV Promove e transmitidas ao vivo pelo Hoje em Dia.

O que levou o senhor a tentar o governo de Minas? 
A princípio, estávamos construindo em Minas Gerais uma candidatura alternativa a esses 16 anos de má gestão do governo, com a candidatura do deputado federal Rodrigo Pacheco (DEM). Mas essa candidatura foi violentamente retirada do cenário por cúpulas partidárias de outros estados. Então, nós direcionamos, até por uma liderança minha no partido, para uma candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda. O problema foi que a candidatura do Marcio se mostrava inconsistente do ponto de vista jurídico. A gente, ao analisar a situação, decidiu que também não dava para ir com o Marcio. Aí o partido definiu por uma candidatura própria. Me coloquei à disposição, de forma corajosa, porque nunca havia disputado uma eleição. Gosto da vida política, da cena política, da boa política, mas nunca participei de eleição. Então, decidi, com coragem, desprendimento, entusiasmo, colocar as nossas propostas à frente da minha candidatura com o Avante.

Qual a sua proposta para gerir a crise econômica do Estado? 
No primeiro dia de governo, vamos cair de 21 para 14 ou 15 secretarias de Estado. Vamos fazer também um levantamento patrimonial. O Estado tem patrimônio demais, não sabe que tem, e paga o custeio desse patrimônio. Isso é um absurdo. Nós temos que pegar os cartórios, fazer um levantamento, uma auditoria. Também vamos unificar a folha de pagamento. O Estado não tem gestão da folha de pagamento. Precisamos saber o que estamos pagando, para quem e quanto estamos pagando. Temos que fazer uma profunda reforma na Previdência dos servidores. Vamos cortar cargos de assessoria e dar cargos de direção e gerenciamento, que são de confiança, para a função pública. Precisamos ainda colocar os repasses aos municípios e o salário dos servidores em dia. 

O que planeja para a Previdência em Minas Gerais?
A reforma da Previdência em âmbito nacional precisa ser feita Minas Gerais. No ambito do Estado, precisamos, primeiro, devolver ao Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais a autonomia administrativa. Vamos devolver a previdência aos servidores, dando autonomia administrativa e financeira ao Ipsemg. Temos que devolver ao servidor o fundo de previdência. Esse fundo já existia e foi incorporado ao caixa único do Estado e lá ele foi diluído. 

O senhor pensa em privatizar a Codemig?
De jeito nenhum. O nióbio é estratégico em Minas Gerais. O problema da Codemig, por exemplo, é a gente não saber quanto se extrai de nióbio, quanto ele custa no mercado e quanto nós estamos recebendo pela extração desse nióbio, é gestão. Temos que dar gestão qualificada para a Codemig. Ela vai servir como ferramenta para atrair investimentos para Minas. Esse é o principal papel dela.

Há uma proposta mais palatável para melhorar a qualidade dos ônibus da Região Metropolitana?
Primeiro, precisamos reorganizar o transporte na Região Metropolitana de Belo Horizonte, de forma a dar as mínimas condições para que as pessoas possam utilizar (esse sistema). Só não consigo visualizar grandes investimentos para esse primeiro período. Vamos ter que sentar com setor e com a sociedade organizada para a gente poder fazer essas discussões e propor um planejamento paulatino, em que a gente vai se adaptando para atender todos os usuários. 

 O Avante se sentiu traído pelo Rodrigo Pacheco por ele ter desistido na última hora?

Em hipótese nenhuma. Foi uma pressão muito grande. Foi uma movimentação de bastidores de cúpulas partidárias extremamente desleais para retirar a candidatura do Rodrigo. Ele não tinha outra opção, foi acuado de todas as formas. Ele ia ficar num isolamento absurdo.

 Como conseguir apoio para implementar as mudanças?

Esse chamado presidencialismo de coalisão sempre fez muito mal ao nosso país. Os parlamentares vão ser eleitos nessa eleição, independentemente do partido político, vão ter que ter uma consciência diferente para poder lidar com a vida pública. Minas Gerais e o Brasil não suportam mais essa maioria de conveniência. Para aprovar determinado tema você faz maioria, para aprovar outro determinado tema, uma outra maioria. Isso não vai acontecer no nosso governo. Nós vamos dialogar com os partidos, com os parlamentares, mas nós vamos, acima de tudo, estabelecer uma relação diferente com Assembleia Legislativa. Já está funcionando em Minas Gerais, temos um excelente exemplo na Prefeitura de Belo Horizonte e na Câmara Municipal. O prefeito Alexandre Kalil (PHS) está fazendo um excelente relacionamento com a Câmara, aprovando os projetos que são de interesse do município, sem estabelecer um balcão de negócios. Nós vamos fazer dessa forma. Estamos abertos ao diálogo, não tem ódio no nosso coração, não tem polarização nem política partidária. Vamos trabalhar o tempo todo na Assembleia Legislativa, com os deputados do nosso partido e dos outros partidos, dialogando com muita transparência, informando à população do que está sendo conversado. Isso não é utopia, é possível fazer.

A Cidade Administrativa é um elefante branco?

Sobre a Cidade Administrativa, a gente precisa ter um relatório, um estudo da situação. Se ela for viável do ponto de vista de ser aproveitada pela iniciativa privada, nós vamos dar essa prioridade. Não nos interessa manter a Cidade Administrativa com o custeio de R$120 milhões por ano, R$10 milhões por mês. Uma Cidade Administrativa que custou R$2 bilhões. Vamos ter cuidado.

Não seria fechar a Cidade Administrativa, porque senão o prejuízo seria ainda maior. Mas, tendo em vista que temos doze universidades federais em Minas Gerais, duas universidades estaduais e várias universidades privadas, a tecnologia é o grande negócio do momento. Nós avaliamos a possibilidade de entregar a Cidade Administrativa à inciativa privada, criando grande  polo tecnológico, investindo nos nossos alunos, investindo em tecnologia. Minas Gerais vem sendo destaque em tecnologia no mundo inteiro. As startups que são daqui são excepcionais. Temos que fomentar esse segmento. Pode ser uma das destinações da Cidade Administrativa. Os órgãos públicos que lá estão voltariam aos prédios de origem. O Estado tem muito patrimônio, muitos imóveis, que podem ser aproveitados para abrigar de  volta as secretarias, porque o custeio da Cidade Administrativa é uma coisa absurda, irreal, na contramão da realidade financeira que Minas Gerais tem hoje.

Como é a atuação parlamentar do Avante?

O Avante não é um partido que apenas mudou de nome, é muito mais que isso. Nós fomos para as ruas, ouvimos as pessoas, repaginamos o partido, mudamos o estatuto quase em sua totalidade. Todo o arcabouço programático e ideológico foi alterado. Acreditamos que dos 32 partidos existentes no Brasil, vamos ter 15 ou 16 no máximo após as eleições. O Avante vai fazer parte, vamos eleger deputados federais por todo o país. O Avante é um partido que nasce com uma proposta totalmente inovadora do ponto de vista de não ter apenas uma mudança de nome, mas de ter se reorganizado para esse momento. A gente propõe a questão do imposto único. É uma bandeira nossa que estamos encontrando apoio em todos os estados. Estamos trabalhando, ouvindo as pessoas, para que o partido possa ser esse canal de comunicação entre o poder público, os movimentos e as pessoas.

Quais as propostas do senhor para a mobilidade urbana?

A questão da mobilidade tem que ser tratada com muita responsabilidade. Não há possibilidade grandes investimentos em mobilidade em Belo Horizonte em Minas Gerais no primeiro momento. Tudo requer muito dinheiro e não tem para fazer. Temo que ter inteligência. Mais do que ter criatividade, temos que ter inovação. Tem a questão do Anel Rodoviário e essa luta solitária do prefeito Kalil para resolver essa questão. O Estado vai ser parceiro, vamos entrar nessa luta, vamos tentar ajudar, e trazer o Anel para a municipalidade. Estão morrendo belo-horizontinos, então é responsabilidade nossa, assim como a BR-381. Vamos discutir com o governo federal para que as obras tenham pelo menos os seus cronogramas cumpridos. Vamos exigir uma fiscalização mais rigorosas. Um investimento nós vamos fazer, mas esse não custa dinheiro ao Estado, que é a unificação dos bilhetes dos transportes intermunicipais. Os transportes intermunicipais têm tarifas diferenciadas, nós temos que unificar e criar uma câmara de compensação para poder trabalhar essa questão do bilhete único. Para fazer isso é preciso ter vontade política, coragem, e ouvir as pessoas que são afetadas por essa situação. As empresas de transporte vão ter que ser ouvidas, os usuários vão ter que ser ouvidos, mas nós vamos ter que resolver e vamos resolver.

O metrô chegará a Pedro Leopoldo caso o senhor seja eleito?

Acho pouco provável que a gente consiga recursos para falar de metrô em Minas Gerais nos próximos seis anos. Mas nos temos alternativas. Temos linhas férreas subutilizadas, como a de Belo Horizonte a Betim. São linhas que podem ser usadas para o Veículo Leve sob Trilhos (VLT). Temos essa alternativa que significaria o transporte de milhares de passageiros por dia. Não se faz porque não tem criatividade, inovação, vamos tratar isso com a iniciativa privada. O Estado, quando se mete em iniciativas que são da iniciativa privada, só atrapalha.

O que o senhor propõe para melhorar os ônibus coletivos da Região Metropolitana de Belo Horizonte?

A Região Metropolitana tem que ser enxergada como uma cidade só.  Tem que haver uma integração das cidades da Região Metropolitana. A iniciativa privada lucra muito com o transporte coletivo e o Estado não recebe nada em contrapartida. É preciso auditar os contratos, as contas das empresas de transporte que prestam serviços as cidades da Região Metropolitana e de toda Minas Gerais. Transporte é inciativa privada. Transporte coletivo é atividade econômica, mas a responsabilidade objetiva é do Estado. Estamos propondo um grande diálogo com as prefeituras e órgãos de transporte coletivo, inclusive os usuários, em todo o Estado de Minas Gerais, para podermos auditar as contas e, se necessário, fazer novas licitações nos transportes coletivos nas Regiões Metropolitanas de Minas Gerais.

O senhor apoiaria Anastasia ou Pimentel no segundo turno?

Não vejo problema em apoiar a candidatura A ou B, porque a gente não defende essa polarização das eleições em Minas.  Temos que tomar o cuidado, se for o caso, de apoiar uma proposta de governo, não um partido político ou uma ideologia partidária, que coadune com a nossa proposta de governo para Minas Gerais.

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