Saque do FGTS exige cautela; quem optar pela retirada anual não poderá sacar o total ao ser demitido

Paulo Henrique Lobato
24/07/2019 às 21:04.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:41
 (Editoria de Arte)

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Fim do mistério: o governo federal divulgou as novas regras para saque de parte do Fundo de Garantira por Tempo de Serviço (FGTS), numa tentativa de injetar na economia R$ 42 bilhões até o fim de 2020, mas especialistas recomendam a cada trabalhador estudar o próprio perfil. A cautela é a melhor alternativa neste momento.

Em linhas gerais, o governo liberou a retirada de até R$ 500 em cada conta entre setembro de 2019 e março de 2020, e criou a modalidade do saque-aniversário, a partir de janeiro de 2020, para que cada trabalhador resgate uma parcela do Fundo. A retirada de parte do FGTS leva em conta sete faixas, dependendo do valor depositado (Veja infografia).

O trabalhador poderá migrar para a possibilidade de resgatar uma parcela a cada ano ou manter-se na atual modalidade. Entretanto, caso deseje retirar parte do Fundo a partir de 2020, deverá cumprir uma carência de dois anos se, depois, optar por retornar ao modelo atual. Terá de aguardar o prazo mesmo que seja demitido sem justa causa.

“O propósito do FGTS é fazer uma poupança para o trabalhador no fim da carreira. Cada pessoa deve analisar seu caso e sua perspectiva de vida, lembrando que a partir do momento que você vai sacando sua poupança, você não vai tê-la no futuro. É preciso estudar bem o próprio caso”, recomendou o consultor de finanças Paulo Vieira.

O coordenador do MBA de Gestão de Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira, também recomenda cautela: “Cada um tem de estudar o próprio caso, e tem de levar em consideração que o FGTS é uma espécie de colchão para o final da vida de trabalho. Muita gente, quando para de trabalhar, se vale desta poupança. Se você fizer saques anuais, pode ser que não tenha como manter uma poupança”.

Teixeira, porém, faz questão de elogiar as medidas divulgadas pelo governo. Segundo enfatiza, quem tem perfil de bom investidor poderá lucrar com saques parciais: “É preciso bom planejamento ao longo da vida de trabalho. Se você poupar e aplicar, provavelmente terá remuneração maior que o FGTS (o Fundo rende 3% ao ano mais TR e outras aplicações, como o CDB, mais de 6%)”. 

Especialistas recomendam que, caso o trabalhador opte por sacar o dinheiro, quite primeiro as dívidas. O saque de até R$ 500 liberado para 2019 cobriria, atualmente, “apenas” 15,3% da dívida média do brasileiro, de R$ 3.250, segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas/SPC Brasil.

Fomento

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) avaliou, durante a solenidade em que divulgou as novas regras sobre saques parciais do FGTS, que o governo está dando “liberdade” ao trabalhador para decidir o que fazer com o próprio dinheiro.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, destacou que a possibilidade do saque no mês de aniversário do cotista pode funcionar como espécie de 14º salário, desde que o trabalhador tenha consciência e faça um bom planejamento.

De acordo com o Ministério da Economia, R$ 42 bilhões serão injetados no mercado, até o fim de 2020, com as novidades no FGTS e o saque do PIS/Pasep. Há expectativa de que 2,9 milhões de empregos sejam criados nos próximos 10 anos.

  

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