Seca atingiu 38 milhões de brasileiros em 2017 e cheias, 2 milhões

Agência Brasil
20/12/2018 às 20:46.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:41
 (Arquivo/Agência Brasil)

(Arquivo/Agência Brasil)

De acordo com o informe, o volume de água sob a forma de chuva recebido pelo Brasil em 2016 correspondeu a 12,9 trilhões de metros cúbicos (m³) e a evapotranspiração chegou a 10,2 trilhões de m³. Da parcela de chuva restante, parte infiltrou -se no solo, alcançando as reservas subterrâneas, e parte alcançou rios e córregos por meio de escoamento superficial.

Considerando a contribuição de outros países amazônicos, 5,7 trilhões de m³ de água escoaram em rios no território nacional. Ao todo, saíram do País cerca de 7,4 trilhões de m³ de água em 2016.

O relatório reitera que, apesar de o Brasil ser um dos países com maior disponibilidade de água doce do mundo, os recursos hídricos estão distribuídos de forma desigual no território, espacial e temporalmente. Esses fatores, somados aos usos da água pelas diferentes atividades econômicas nas bacias hidrográficas brasileiras e os problemas de qualidade de água geram áreas de conflito.

Segundo o relatório, 80% das pessoas atingidas por secas encontravam-se na Região Nordeste, especialmente no Semiárido da Bahia, do Ceará e de Pernambuco. Os três estados totalizaram 55,5% dos registros de eventos de seca do país.

Quanto à seca ou estiagem, cerca de 51% (2.839) dos municípios brasileiros decretaram situação de emergência ou estado de calamidade pública entre 2003 e 2017. No total, foram quantificados 2.551 eventos de seca associados a danos humanos, quase quatro vezes mais que os de cheias (661). Fazendo um retrospecto dos últimos cinco anos, 2017 foi o mais crítico quanto aos impactos da seca sobre a população.

Com relação às cheias, o documento informa que, dos 5.570 municípios brasileiros, 2.680 (48%) decretaram situação de emergência ou estado de calamidade pública devido a cheias pelo menos uma vez de 2003 a 2017. Cerca de 89% (2.375) desses municípios localizam-se nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste.

“Em 2017, cerca de 3 milhões de pessoas foram afetadas por cheias (alagamentos, enxurradas e inundações) no Brasil. O dano humano mais perceptível em função das cheias é a perda da residência das pessoas afetadas. Danos mais graves (óbitos, desaparecimentos, enfermidades e ferimentos) afetaram menos de 5% dessas pessoas”, diz o relatório.

O informe da Agência Nacional de Aguas destaca que a precipitação média anual do Brasil é de 1.760 milímetros (mm), mas, por causa das suas dimensões continentais, o total anual de chuva varia de menos de 500 mm na região semiárida do Nordeste, a mais de 3.000 mm na região amazônica.

“Em média, cerca de 260 mil m³/s [metros cúbicos por segundo] de água escoam pelo território brasileiro. Apesar da abundância, cerca de 80% desse total encontram-se na região amazônica, onde vive a menor parte da população e a demanda de água é menor”, diz o relatório.

O documento diz também que os baixos índices de precipitação, a irregularidade do seu regime e temperaturas elevadas durante todo ano, entre outros fatores, contribuem para os reduzidos valores de disponibilidade hídrica observados no Nordeste brasileiro, em particular na região semiárida e no nordeste setentrional (estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco), que tem 88% do seu território no Semiárido.

Usos

O relatório da ANA mostra que, no ano passado, a retirada total de água estimada foi de 2.083 m³/s. A maior parte desse volume foi para a irrigação (52%), abastecimento humano (23,8%) e indústria (9,1%). Juntos, esses setores representaram cerca de 85% da retirada total. Volumes menores foram usados para matar a sede de animais (8,0%), em termelétricas (3,8%), para consumo rural (1,7%) e na mineração (1,6%).

De acordo com o estudo, a demanda pelo uso da água no Brasil é crescente, com um aumento estimado de 80% no total retirado nas últimas duas décadas. A previsão é que, até 2030, a retirada aumente 24%. “O histórico da evolução dos usos da água está diretamente relacionado ao desenvolvimento econômico e ao processo de urbanização do país,” diz o relatório.

No balanço, a agência reguladora ressalta que, diante desse quadro, a discussão sobre reúso de água no Brasil está ganhando força devido à necessidade de melhorar a disponibilidade hídrica, principalmente no Nordeste e nos grandes centros urbanos brasileiros, "onde o balanço hídrico quali-quantitativo é “crítico, e pelo crescimento populacional e os efeitos das mudanças climáticas que tendem a aumentar a pressão sobre os recursos hídricos. Além disso, considera-se o fato de que o reúso de efluente sanitário tratado é uma alternativa comprovada para a melhoria da disponibilidade hídrica em certos contextos, e já em andamento no Brasil, embora ainda de maneira limitada."

Para tanto, o país estabeleceu como meta para o reúso não potável direto de aproximadamente 13 m³/s até 2030, frente aos quase 2 m³/s estimados em 2017. Se esse número for alcançado, ele representará 4% do total de água reusada no mundo. No médio prazo (cinco a 10 anos), o potencial para reúso planejado de efluente sanitário no Brasil é estimado entre 10 e 15 m³/s, comparando à capacidade instalada atual.

"No longo prazo, espera-se o alcance de algo em torno de 175 m³/s, valor bastante considerável e que será de grande importância para o incremento das fontes de abastecimento no país. O total de investimentos antecipados para atingir 10 m³/s de água reutilizada até 2030 foi estimado entre R$ 4 e 6 bilhões, o correspondente a algo entre R$ 300 e 500 milhões por ano, em média, de 2018 até 2030”, diz o relatório.

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