Secretário da Fazenda diz que ‘deficiência aguda’ das contas torna imprevisível questão salarial

Evaldo Magalhães
primeiroplano@hojeemdia.com.br
Publicado em 22/04/2020 às 20:00.Atualizado em 27/10/2021 às 03:20.
 (Daniel Protzner/ALMG)
(Daniel Protzner/ALMG)

Em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa, na tarde de ontem, o secretário da Fazenda de Minas, Gustavo Barbosa, convidado para atualizar e esclarecer os parlamentares sobre a situação das finanças mineiras, em meio à pandemia da Covid-19, trouxe uma boa e uma péssima notícia para os servidores estaduais. 

A boa foi a de que a expectativa do governo é quitar totalmente os salários do funcionalismo, relativos a abril, na próxima semana. A ruim é a de que, diante da queda brusca da arrecadação tributária neste mês (R$ 1,15 bilhão) e a projetada para o próximo (R$ 2,2 bilhão), o Estado não tem qualquer plano B para honrar o compromisso com os servidores.

“Entendemos que conseguiremos pagar até a semana que vem o resto (segunda parcela) do salário de abril dos servidores, os que já receberam R$ 2 mil (o pessoal da saúde e da segurança foi pago integralmente, dia 8)”, disse Barbosa.

Ele lembrou que, a despeito da enorme baixa prevista na receita para o mês – a queda diária na arrecadação de ICMS tem girado em torno de 30% –, tal meta poderá ser cumprida graças a ao menos dois fatores. Um deles foi o recebimento de precatórios pelo Estado (R$ 781 milhões), algo que não irá se repetir. O outro foi a suspensão temporária do abono de 1/3 de férias para servidores civis e militares, além do adiamento do abono-fardamento para os últimos.

Já em relação ao pagamento do restante do 13º e dos salários de maio e seguintes, afirmou o secretário, a situação é de total imprevisibilidade. “Estamos buscando novas arrecadações, mas até agora não temos nenhuma perspectiva. Não temos, neste momento, uma única receita extraordinária que poderia minimizar a deficiência aguda de caixa”.

Recomposição

A solução para o problema, de acordo com Barbosa, seria a aprovação, pelo Congresso, do substitutivo do PLP 149/19, aprovado na Câmara dos Deputados e que seguiu para o Senado. O texto, que modifica itens de um plano de socorro aos entes federativos apresentado pelo secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, prevê recomposição completa da perda de receitas de ICMS e ISS por parte da União, beneficiando estados e municípios, por um período de seis meses.

O governo federal, contudo, tem rechaçado a proposta. Para a equipe econômica, o PLP 149/19 causaria rombo de mais de R$ 200 bilhões nas contas públicas e seria como dar um “cheque em branco” para que Estados e municípios ampliassem ainda mais suas dívidas. 

“Nosso principal objetivo é buscar essa recomposição da perda do ICMS. Estivemos com o presidente da República, com o ministro Paulo Guedes. Eu estive com o deputado Pedro Paulo, relator do projeto na Câmara. Temos feito gestões seguidas para conseguir fazer com que esse projeto passe para que possamos voltar a uma certa normalidade no Estado”, ressaltou.

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