Sem financiamento de empresas, arrecadações de campanhas passam longe do teto de R$ 14 mi

Lucas Simões e Rafaela Matias
primeiroplano@hojeemdia.com.br
17/09/2018 às 21:30.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:30
 (Editoria de Arte)

(Editoria de Arte)

Com a proibição do financiamento de campanha por empresas, candidatos ao Governo de Minas ficam reféns dos fundos partidários e valores arrecadados não chegam nem à metade do teto de gastos estipulado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de R$ 14 milhões.

Somente o senador Antonio Anastasia (PSDB) alcançou 50% do valor permitido, com arrecadação de R$ 7,8 milhões, mas o gasto de campanha dele até o momento foi de R$ 5,4 milhões – sete vezes menos que nas eleições de 2010, quando também concorreu ao cargo com uma campanha de R$ 38 milhões. 

As informações foram divulgadas na primeira parcial da prestação de contas, fechada no último dia 15. Agora, os candidatos devem apresentar o balanço final 30 dias após o resultado da eleição. 

Apesar das criativas alternativas de arrecadação, como vaquinhas virtuais e jantares beneficentes, a maior parte da verba que financia as campanhas é oriunda do Fundo Partidário, que aglutina R$ 1,7 bilhão para as legendas. 

O governador Fernando Pimentel (PT), que tenta a reeleição ao Palácio da Liberdade, recebeu do PT R$ 3,6 milhões, 87% dos R$ 4,1 milhões arrecadados até agora para a campanha. Além disso, a vaquinha virtual do petista vai de vento em popa e garante a terceira fonte de renda para a campanha, somando R$ 56 mil (ver arte). Procurada, a assessoria do governador não comentou as doações. 

O valor usado até agora pelo petista é de R$ 6,4 milhões, oito vezes inferior aos R$ 53,4 milhões gastos nas eleições que lançaram Pimentel ao cargo, em 2014, quando o financiamento de empresas ainda era permitido. 

O PSDB de Anastasia também foi o principal doador da campanha, ao lado do presidenciável tucano Geraldo Alckmin, que somam, até o momento, R$ 2 milhões. 
“Estamos fazendo uma campanha com menos recursos, dentro do planejado, com muita criatividade e austeridade”, afirmou o senador. 

Em relação às doações da campanha por Alckmin, Anastasia disse que “o único acordo” que fez com Geraldo Alckmin é que, se eleito, “ele dará a Minas a atenção que nosso Estado merece e não recebeu do governo federal na gestão do PT. A doação já é um gesto de Alckmin em prol da reconstrução de Minas”.

Em meio a boatos de uma possível desistência da candidatura, Adalclever Lopes (MDB) também recebeu do próprio partido R$ 500 mil, quase a totalidade dos R$ 509 mil arrecadados até o momento para a campanha. O candidato preferiu não se manifestar sobre os gastos, alegando apenas que segue estritamente o que a legislação determina. Além disso, negou a possibilidade de desistir da candidatura. 

Romeu Zema (Novo) foi um dos poucos que não recorreram majoritariamente ao partido para arrecadar verba. A maior parte dos R$ 385 mil conquistados pela campanha veio da doação de grandes empresários. Um deles é José Salim Mattar, dono da Localiza (R$ 200 mil). O outro é Rubens Menin Teixeira, fundador e acionista majoritário da MRV (R$ 35 mil). Do partido, Zema recebeu R$ 100 mil, ou seja, metade da doação de Salim.

Questionado se o fato de ter 61 % da campanha patrocinada por dois empresários poderia interferir em uma futura gestão, Zema negou que possa ser refém de interesses empresariais, caso vença nas urnas em outubro. “Não vejo com nenhum problema essas doações”, disse.

 Nanicos enfrentam dificuldades até para imprimir ‘santinhos’

Os valores arrecadados até o momento pelos quatro menores candidatos na corrida pelo Governo de Minas somam, juntos, R$ 226 mil. O orçamento enxuto impõe uma série de obstáculos aos envolvidos nas campanhas, que enfrentam dificuldades até mesmo para imprimir os tradicionais santinhos, como é o caso de João Batista Mares Guia, da Rede. 

Os R$ 73.685 arrecadados para a campanha do candidato não foram suficientes para garantir itens básicos, como o material publicitário impresso. A assessoria de Mares Guia afirmou que há no momento a urgência para imprimir cerca de 500 mil “santinhos”, com um custo estimado de R$ 27 mil, mas que a campanha não dispõe deste recurso, portanto, não terá o material impresso. 

A assessoria ressaltou ainda que a quantidade é a mínima possível para ser impressa e não seria capaz nem mesmo de suprir a demanda da Região Metropolitana de Belo Horizonte. 

“A campanha é franciscana e conta com a colaboração de amigos, de voluntários e de apoiadores”, afirmou em nota.

De acordo com a prestação de contas de Mares Guia, a verba para a campanha do candidato da Rede vem principalmente do fundo partidário a que a Rede Sustentabilidade tem direito (R$ 50 mil), além de doações de prestadores de serviço, como o contador Robson Carvalho Agualusa (com valor estimado em R$ 6.693) e do assessor de imprensa da campanha, Manuel Mateus Marçal (estimado em R$ 6 mil). 

Já Dirlene Marques, do PSOL, foi quem arrecadou a menor verba até o momento, R$ 8,2 mil. Ela estava atrás apenas do candidato Alexandre Flach (PCO), que arrecadou R$ 600, mas teve a candidatura impugnada pelo Tribunal Regional Eleitoral e não poderá concorrer ao cargo. 

Claudiney Dulim (Avante) é o candidato com a maior arrecadação entre os nanicos, com R$ 97.663. Mais de 90% da verba veio da doação do partido (ex-PTdoB), sigla liderada pelo deputado federal Luis Tibé, também presidente nacional do Avante. 

Jordano Metalúrgico (PSTU) arrecadou R$ 46.900 e o gasto até o momento foi de R$ 23.276. 

Todos os dados referentes aos gastos dos candidatos estão disponíveis no site www.divulgacandcontas.tse.jus.br. 

 

 



 

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