O PSDB pretende analisar com prudência se irá pedir ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a inclusão da nova etapa da operação “Lava Jato” na ação que pode levar a Corte a cassar o mandato da presidente Dilma Rousseff (PT) e do vice dela, Michel Temer (PMDB).
Nesta segunda-feira (22), a PF deflagrou a 23ª fase da "Lava Jato", batizada de Acarajé, cujo os alvos principais são o marqueteiro João Santana e a empreiteira Odebrecht. Acusado de receber da empreiteira valores em contas no exterior, Santana teve mandado de prisão temporária decretada. Segundo as investigações, “já foram identificados no exterior valores que ultrapassam 7 milhões de dólares”.
Apesar das novas revelações, os tucanos pregam cautela em relação ao TSE. “Sempre é possível incluir fatos, mas o processo que está tramitando já possui elementos suficientes para cassar o mandato. E quem disse isso não foi o PSDB, mas o juiz Sérgio Moro. Como não queremos que o processo se arraste indefinidamente, vamos analisar com bastante prudência. Nós temos certeza de que houve irregularidades na campanha e o pedido de prisão do marqueteiro da presidente reforça ainda mais os indícios de crime, como recebimento de dinheiro no exterior”, afirmou o presidente do PSDB de Minas, deputado federal Domingos Sávio.
Responsável pela investigação que descobriu o mega esquema de corrupção na Petrobras, Moro sugeriu ao TSE que ouça os delatores da operação. Em ofício encaminhado à Corte eleitoral, em outubro de 2015, mas tornado público na semana passada, Moro afirmou que há provas de que houve repasse a candidaturas do partido em troca de contratos da Petrobras. O esquema seria mascarado como doações eleitorais oficiais e também entregue como caixa dois.
Acarajé
Cerca de 300 policiais federais cumprem 51 mandados judiciais, sendo 38 de busca e apreensão, 2 de prisão preventiva, 6 de prisão temporária e 5 de condução coercitiva nesta nova fase da “Lava Jato”. Os mandados são cumpridos nos estados da Bahia (Salvador e Camaçari), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Petrópolis e Mangaratiba) e São Paulo (São Paulo, Campinas e Poá).
Os clientes de João Santana
Quanto ganhou e para quem trabalhou no PT
2002 – Delcídio do Amaral (Senado) – R$ 2,2 milhões
2004 – Gilberto Maggioni (Prefeitura de Ribeirão Preto) / Vander Loubet (Prefeitura de Campo Grande) – R$ 1,6 milhão
2006 – Lula (Presidência) – R$ 24,2 milhões
2008 – Gleisi Hoffmann (Prefeitura de Curitiba) / Marta Suplicy (Prefeitura de São Paulo) – R$ 16 milhões
2010 – Dilma Rousseff (Presidência) – R$ 56,8 milhões
2012 – Fernando Hadadd (Prefeitura de São Paulo) – R$ 39,3 milhões
2014 – Dilma Rousseff (Presidência) – R$ 88,9 milhões
Total = R$ 229 milhões