(Riva Moreira)
Após um acordo entre a frente cristã e o bloco de esquerda da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), na tarde desta quinta-feira (10), os vereadores votaram três dos 12 requerimentos do projeto de lei conhecido como "Escola sem Partido". A sessão no plenário foi encerrada no fim da tarde por falta de quórum, já que apenas 13 parlamentares estavam presentes quando 21 eram necessários.
Segundo o vereador Wesley da Autoescola (PRB), que é o líder da frente cristã, autora do projeto em questão, agora, o objetivo é que os nove requerimentos que ainda restam sejam votados já na sessão desta sexta-feira (11). Ele acredita que na segunda-feira (14) finalmente será possível votar o polêmico projeto.
"Uma sessão ordinária e nós terminaremos esse processo, que está bem penoso. Amanhã (sexta-feira), vamos tentar um acordo novamente para votarmos esses requerimentos", disse Wesley.
Nesta quinta, dezenas de estudantes e professores lotaram a entrada na CMBH em protesto contra o projeto, que eles consideram uma mordaça à educação. Questionado, o líder da frente cristã disse que era para a Casa estar repleta de apoiadores do "Escola sem Partido". Porém, após a confusão registrada na quarta-feira (9), o bloco usou as redes sociais para pedir que eles não comparecessem.
"Os professores, a esquerda, se opõem ao projeto, mas nós agimos com muita tranquilidade, pois nós temos uma grande população cristã em BH. Estimo que mais de 60% da população que apoia muito esse projeto", concluiu o vereador.
Já a vereadora Cida Falabella (PSOL), que integra o bloco da esquerda, defendeu que a obstrução da pauta é um instrumento que as minorias políticas tem para impedir que a maioria "tratore" com os projetos que não são de interesse da sociedade. "Um projeto que não tem profundidade de debate na sociedade, construído a partir de fake news, com teorias inventadas. O nosso objetivo era promover o debate", defende.
Ela explicou ainda que o bloco sabia que a obstrução seria um enfrentamento longo, mas que também tinha consciência de que em algum momento ela chegaria ao fim.
"Ontem (quarta) a gente conseguiu ter um diálogo e acelerar alguns requerimentos. Nós não estamos fechados ao diálogo, nós clamamos por uma interlocução, pedimos a retirada do projeto, que é polêmico, e ficamos sem ter com quem conversar. A obstrução acontece para existir algum tipo de diálogo, o que não aconteceu, e é um dos motivos para que se arrastasse tanto", finalizou a parlamentar.
Leia mais:
'Não podemos permitir que a Câmara se torne um MMA', diz Gilson Reis sobre empurrão de Mateus Simões
Após agressões em galerias na Câmara, professores anunciam paralisação em BH
Sessão plenária sobre Escola Sem Partido vira confusão entre vereadores