Sindicato contestará proibição de van na zona sul do Rio

Felipe Werneck
12/04/2013 às 20:21.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:47

O sindicato das Vans do Rio vai contestar na Justiça o decreto do prefeito Eduardo Paes que proíbe a circulação de vans, Kombis e micro-ônibus em onze bairros da zona sul a partir de segunda-feira (15). A medida, anunciada na quinta-feira (11), começará a valer duas semanas após o estupro coletivo de uma turista americana e o espancamento de seu namorado francês em uma van. Os dois embarcaram em Copacabana, na zona sul, e pretendiam seguir para a Lapa, no centro.

Depois do crime, Paes também proibiu a circulação de vans com insulfilm nos vidros e fixou multa de R$ 1.251,48. Trata-se do segundo meio de transporte mais usado pelos cariocas. No Rio, as vans levam cerca de 900 mil pessoas por dia, das quais 100 mil na zona sul, segundo dados do sindicato. Os trens e o metrô, em torno de 500 mil cada, e os ônibus, mais de 3 milhões. "Estamos estudando a medida, provavelmente vamos entrar com mandado de segurança na semana que vem para tentar anular o decreto", disse o diretor jurídico do sindicato, Guilherme Biserra.

Segundo ele, vereadores da base do governo foram procurados para "tentar forçar uma reunião" com Paes (PMDB). O dirigente sindical afirmou que a orientação para os motoristas das 600 vans afetadas pelo decreto é "manter os veículos na garagem". Sobre a possibilidade de manifestação, ele afirmou que isso será discutido na terça-feira. "Vamos tentar evitar um problema ainda maior." Alguns usuários temem a falta de alternativa. Outros, que não dependem de vans, acreditam numa organização do trânsito.

Ao todo, cerca de 6 mil vans circulam no Rio oficialmente. Estima-se que haja outras 6 mil piratas. As vans surgiram na década de 1990 como transporte complementar, mas rapidamente superaram os trens e o metrô como opção preferencial de muitos cariocas. "O prefeito está tentando colar o caso do estupro na categoria propositalmente", afirmou Biserra, que critica a falta de diálogo com o município. "Há uma má vontade sistemática com as vans. Mas a responsabilidade é do prefeito, que não fiscaliza e os piratas continuam circulando livremente." O sindicalista afirmou que isso ocorre porque há "grande corrupção" e acusou Paes de atuar de forma "autoritária e midiática".

A van em que ocorreu o estupro era de São Gonçalo e circulava irregularmente no Rio. O motorista e o cobrador estão entre os acusados, todos já presos. Após a repercussão do caso, outras vítimas reconheceram os criminosos.

Defesa

Paes defendeu o decreto dizendo que a zona sul é a área que "menos precisa desse tipo de transporte". "Eu não tenho como dizer que as pessoas que operam van são marginais. Ao contrário, a maioria é de gente do bem. Só que em alguns momentos virou caso de polícia." De acordo com o decreto, o objetivo da proibição é "reordenar o trânsito" nos bairros de Botafogo, Humaitá, Urca, Leme, Copacabana, Ipanema, Leblon, Lagoa, Jardim Botânico, Gávea, Vidigal, São Conrado e Rocinha". Estão excluídos da proibição alguns veículos cadastrados para operar nas favelas do Vidigal e da Rocinha. Na campanha de 2012, Paes foi acusado pelo candidato do PSOL, Marcelo Freixo, de favorecer milicianos na forma escolhida para fazer a licitação do transporte alternativo.
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