Site com postagens sobre "como cometer estupros" é investigado

Sara Lira - Hoje em Dia
29/07/2015 às 12:42.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:08
 (Reprodução)

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Um site de apologia ao estupro deixou revoltados internautas de todo o país nos últimos dias. Denunciado nesta semana, o endereço, que recebia o nome de 'Tio Astolfo', está sendo investigado pelas Polícias Civil do Mato Grosso e Federal.

As postagens apresentavam um passo a passo de como estuprar mulheres em diversos ambientes, como boates e até mesmo em escolas. O site ainda defendia que “estuprar lésbicas é uma questão de honra” e violentar meninas crianças não era pedofilia, pois “elas vieram ao mundo pra isso”.

Quem assinava como autor do site é um rapaz morador de Várzea Grande, município do estado do Mato Grosso (Centro-oeste do país). Ele nega que tenha escrito as postagens e na última terça-feira (28) chegou a ir até uma Delegacia da Polícia Civil do Estado para registrar um boletim de ocorrência. De acordo com informações da PC matogrossense, o rapaz afirma ter sido vítima de um desafeto que criou e escreveu as postagens, o colocando como dono do endereço. Na terça mesmo ele prestou depoimento, mas o caso ainda está sob investigação.

O site foi retirado do ar e, quando se acessa o link, o internauta é direcionado para um vídeo no youtube que reproduz uma música chamada de 'O dia a dia de um estuprador' – com letra também de apologia ao crime.

CRIMES VIRTUAIS

De acordo com o delegado da 1ª Delegacia Especializada de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de Minas Gerais, Felipe Falles, o crime se enquadra no artigo 286 do código pena. “É uma incitação ao crime e a pena pode chegar de 3 a 6 meses de detenção”, explicou.

Apenas no ano passado foram registradas 1081 ocorrências na Delegacia Especializada de Crimes Cibernéticos – que é qualquer crime utilizando a internet como meio. Quem for vítima ou descobrir um site criminoso, pode registrar um Boletim de Ocorrência na delegacia de Polícia Civil mais próxima.

Neste caso, a Polícia vai verificar a denúncia e investigar de onde parte o provedor por meio do qual foram postadas as informações. Depois é realizada uma solicitação para retirada do site do ar e identificação do autor. “Uma vez identificado ele é intimado à delegacia e responde pelo crime que cometeu”, explicou o delegado Felipe Falles.

CULTURA DO ESTUPRO

Para a integrante do Movimento Mulheres em Luta – Minas Gerais, Josiane Mota, as postagens da página refletem um pensamento enraizado na sociedade brasileira. “Vivemos um momento em que a cultura do estupro é cada vez mais fortalecida em alguns setores. O machismo acredita que o corpo feminino é um objeto e que a mulher é inferior”, salienta.

Ela acredita que as postagens com o passo a passo de como fazer um estupro expõem a forma de pensar de muitos homens. “O homem acredita que pode pegar a mulher em uma balada porque ela está ali para isso. Vemos essa realidade também na forma como eles abordam as mulheres”, complementa.

Mota destaca que ainda há muito para caminhar para mudar este cenário. “Há uma cultura que a vítima tem culpa do estupro ou violência sexual que sofreu. A própria lei dificulta que a mulher prove um estupro, pois qualquer toque sem consentimento já é considerado um estupro”, diz..

Alguns dos títulos de postagens so site, que foi retirado do ar. Fotos: Reprodução

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