Sudão liberta mulher condenada à morte por casar-se com cristão

Agência Estado
23/06/2014 às 12:42.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:06

Um tribunal do Sudão ordenou a libertação de Meriam Ibrahim, mulher de 27 anos que havia sido condenada à morte por apostasia, ou abandono da fé. O pai de Ibrahim era muçulmano, mas ela foi criada pela mãe cristã e se casou também com um cristão. O código penal sudanês criminaliza a conversão de muçulmanos a outras religiões e pode punir tal "crime" com a morte.

A sentença de Ibrahim foi cancelada e sua liberação ordenada por um tribunal de Cartum nesta segunda-feira, depois de advogados de defesa terem apresentado uma apelação, informaram autoridades do país à agência de notícias Suna.

Ibrahim casou-se com um cristão do sul do Sudão numa cerimônia religiosa em 2011. Como em muitos países muçulmanos, as mulheres sudanesas são proibidas de se casar com não muçulmanos, embora homens muçulmanos possam se casar com mulheres de outras religiões.

Ibrahim tem um filho, Martin, de 18 meses, que está com ela na cadeia, onde ela deu à luz a um segundo bebê no mês passado, informaram meios de comunicação locais. Pela lei do país, os filhos devem seguir a religião do pai.

A sentença de morte atraiu críticas internacionais e a Anistia Internacional disse que ela era "repugnante". O Departamento de Estado norte-americano disse que estava "profundamente perturbado" com a sentença e pediu ao governo sudanês que respeite a liberdade de religião.

O Sudão introduziu a lei da sharia no início da década de 1980 durante o governo autocrata de Jaafar Nimeiri, medida que contribuiu para a retomada da insurgência no sul do país, onde existem animistas e cristãos. A porção sul do país se separou em 2011 para se tornar o país mais novo do mundo, o Sudão do Sul.

O presidente sudanês, Omar Bashir, islamita que tomou o poder após um golpe militar em 1989, disse que seu país vai implementar uma lei islâmica ainda mais rigorosa, agora que os não muçulmanos do sul não fazem mais parte do país.

Uma série de sudaneses foram condenados por apostasia nos últimos anos, mas todos escaparam das sentenças de execução ao renegar sua nova fé. Fonte: Associated Press.
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