Os passageiros de avião ainda sentem os reflexos da forte chuva que atingiu os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo na noite de quinta-feira (5). A suspensão de pousos e decolagens nos aeroportos da região há dois dias provocou um efeito dominó que afeta terminais em todo o país até este sábado (7). Até as 16 horas, dos 1.527 voos previstos pelo país, 295 estavam atrasados e 76 haviam sido cancelados.

Em Minas Gerais, de acordo com informações da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, 83 voos atrasaram e cinco foram cancelados. Já no da Pampulha, ocorreram 13 atrasos e dois cancelamentos. Uberaba teve três atrasos e nenhum cancelamento, enquanto que em Uberlândia, 12 voos demoraram para decolar e um não deixou o aeroporto.

Os aeroportos do Galeão e Santos Dumont, no Rio, somam 168 voos atrasados e  20 cancelados. Guarulhos e Congonhas, em São Paulo, atingiram 280 voos com atrasos e nove cancelados. Viracopos, em Campinas, ficaram interditados por várias horas decido ao mal tempo. O aeroporto de Brasília também sofreu com os atrasos de São Paulo. Grandes filas se formaram nos guichês das companhias aéreas devido ao atraso de 101 voos e o cancelamento de três, segundo a Infraero.

O problema afetou todas as companhias aéreas, principalmente a Gol, que teve sua malha aérea impactada.

Segundo a empresa, os atrasos provocaram a diminuição do número de funcionários disponíveis, porque algumas tripulações tiveram a jornada de trabalho afetada, e a companhia teve que respeitar os limites legais da carga horária da categoria.

No aeroporto de Brasília, o tempo de espera na fila do check-in superou duas horas no início da manhã.
Com voo marcado para o Aeroporto de Congonhas, a professora Marylisi Thuler estava há uma hora e meia na fila do check-in da Gol. “Ninguém da companhia fala nada. É um absurdo. Estou na fila de prioridades e corro o risco de perder o voo. O pior é que há grávidas e pessoas com necessidades na fila esperando há muito mais tempo que eu.”

Indo para Navegantes (SC), o casal de aposentados Jaime Borba e Maria Nilce Borba estava com medo de perder a conexão em São Paulo. “Meu embarque é daqui a 40 minutos e ainda tem muita gente na minha frente. Uma funcionária [da Gol] grita o tempo todo e remaneja os passageiros para as filas prioritárias, mas não sei se vai dar tempo”, disse ele.

Vereador em Marabá (PA), Ubirajara Sempre havia perdido um voo na TAM por motivos pessoais e reclamou que a Gol se recusou a vender passagens hoje pela manhã. Ele acredita que os problemas operacionais tenham feito a companhia deixar de comercializar as passagens nas lojas do aeroporto. “Consegui as passagens, mas foi por meio de uma agência de turismo”, conta Ubirajara, que passou uma hora e 50 minutos na fila para despachar a bagagem.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) divulgou nota informando que vai autuar a Gol Linhas Aéreas por falhas na prestação de assistência a passageiros em função de atrasos nos voos registrados ontem no Aeroporto de Guarulhos e hoje no Aeroporto de Brasília. A multa prevista pode variar de R$ 4 mil a R$ 10 mil, disse a Anac.

A agência também informou que vai notificar a Tam Linhas Aéreas. A companhia terá 10 dias para comprovar a prestação de assistência aos passageiros por problemas vistos em Guarulhos.

Conforme a Resolução 141, de 2010, a empresa deve oferecer aos passageiros meios para a comunicação em caso de atrasos superiores a 1 hora nos voos; alimentação para atrasos acima de 2 horas; e acomodação, traslado e até hospedagem para atrasos que superem 4 horas.

Atualizada às 19:34

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