Termômetros da economia no Brasil ainda patinam

Janaína Oliveira
joliveira@hojeemdia.com.br
27/01/2017 às 23:49.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:36

Apesar do certo otimismo entre grande parte da classe empresarial após a mudança de governo e adoção de medidas como teto dos gastos e corte na taxa Selic, dos setores que antecedem o desempenho futuro da atividade econômica como um todo, são poucos os que apresentam uma melhora, ainda assim pontual e localizada, como automóveis. Nos demais segmentos, caso da papelão e frete, por exemplo, os dados mostram que as nuvens escuras sobre o país ainda não se dissiparam.

Após derrapar por vários meses, dezembro parece ter caído do céu para o setor automotivo. Foi o melhor mês de 2016, quando foram negociados 204,3 mil veículos, crescimento de 14,7% ante as 178,2 mil unidades de novembro. No entanto, se comparado com dezembro de 2015, a queda foi de 10,3%, segundo balanço da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

No último mês do ano, as 200,9 mil unidades fabricadas indicaram diminuição de 7% ante novembro. Porém, quando comparadas com as 142,8 mil do mesmo mês de 2015, a expansão chegou a surpreendentes 40%, inflando a expectativa de dias melhores em 2017.

“A conjuntura macroeconômica indica fatos positivos, como aumento do PIB, inflação convergindo para o centro da meta, reduções da taxa básica de juros e estabilização do dólar. Além disso, a PEC do teto dos gastos já está aprovada, algumas medidas foram anunciadas, vivenciamos estabilização do ritmo de vendas e teremos uma base baixa de comparação. Ao juntar todos esses fatores, acreditamos em uma reação sequencial, que passa pela retomada da confiança tanto do consumidor quanto do investidor, reaquecimento do consumo e abertura gradual da concessão de crédito”, diz o presidente da Anfavea, Antonio Megale.

Siderurgia
Matéria-prima da indústria automotiva, a siderurgia continua sentindo forte o peso da recessão. Segundo o IABr, em todo o ano de 2016, a produção brasileira de aço bruto somou 30,2 milhões de toneladas, recuo de 9,2% na comparação com 2015. Apenas em dezembro, a produção de aço bruto somou 2,148 milhões de toneladas, queda de 12,7% sobre o resultado de um ano antes, enquanto a de laminados caiu 7,6%, para 1,4 milhão de toneladas.

Papelão
Um dos principais termômetros da economia, a indústria do papelão indica que o ritmo de operação nas fábricas ainda é lento. Em 2015, o recuo em termos de tonelada foi de 2,78%. No ano seguinte, o tombo foi um pouco menor, de 2,28%. Ainda assim, o ânimo está melhor.
“As taxas de juros estão caindo e a inflação está cedendo, o que alimenta a expectativa positiva. Mas a tradução disso em crescimento virá de forma paulatina”, diz o diretor da Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO), Sergio Ribas.

A recuperação efetiva, entretanto, está atrelada à reação no consumo, já que o setor fornece principalmente para segmentos como alimentos, bebidas, químicos e produtos farmacêuticos.

“O desemprego é o grande problema. E mesmo quem está empregado vem segurando as compras, receoso de que o que aconteceu com o familiar ou colega aconteça com ele. Ainda assim, esperamos a retomada da confiança do consumidor a partir deste mês”, afirma Ribas.

Após o corte de 41 mil vagas em 2016, queda na receita e no volume movimentado, além da redução do número de caminhões em operação no transporte terrestre de carga, outro antecedente do PIB, os empresários acreditam que o fundo do poço já passou.

“O ano passado foi muito difícil. O nível de consumo despencou levando a demanda por transporte de mercadorias junto. Mas há um otimismo moderado, com um grau mais elevado na gestão econômica atual”, diz o diretor-executivo da Confederação Nacional de Transporte (CNT), Bruno Batista.

No entanto, ele diz que é preciso que o governo tenha agilidade para atrair investimentos da iniciativa privada, para melhorar as condições das rodovias. É através delas que 61% de tudo que é transportado no país chega até o consumidor.

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