(Usiminas / Divulgação)
Em uma manobra de defesa, as duas principais acionistas da Usiminas, Ternium/Techint e Nippon Steel (que protagonizam uma verdadeira batalha pela direção da empresa) uniram forças e barraram uma possível presidência do Conselho de Administração (CA) da companhia pela CSN. Elias Brito, da Ternium, foi eleito para comandar o conselho da companhia, durante Assembleia Geral Extraordinária (AGO), realizada nesta quinta-feira (28).
Detentora de 17% das ações da siderúrgica e principal rival dela no mercado, a CSN recebeu do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aval para colocar dois representantes no conselho. A decisão do órgão antitruste gerou polêmica. A escolha dos conselheiros também.
Gesner Oliveira, ex-presidente do Cade e presidente da GO Consultoria, é um dos representantes da CSN no CA da Usiminas.
Em 2005, ele prestou consultoria à CSN em negociações da siderúrgica com Vale, avaliadas posteriormente pelo órgão antitruste. Ricardo Weiss, o outro representante da companhia, é sócio de uma empresa de investimentos em mineração, a OHG Mining. Segundo as regras do Cade, os conselheiros devem ser independentes, cumprir as regras do estatuto social da Usiminas e entregar relatórios trimestrais à entidade, detalhando as atividades realizadas.
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Em 2014, o Cade proibiu a CSN de indicar membros para o Conselho de Administração, apesar de a empresa possuir ações suficientes para ocupar as cadeiras.
A cláusula foi imposta para preservar a concorrência do mercado. Afinal, CSN e Usiminas são concorrentes diretas e a participação de membros da CSN nas reuniões decisivas da siderúrgica rival poderia influenciar na competitividade. Na última quarta-feira, a decisão foi alterada por 3 votos a 2.
Segundo o Cade, no entanto, as demais restrições continuam valendo. Entre elas, a proibição de comprar novas ações da Usiminas, que atravessa um momento delicado. A dívida da empresa é R$ 5,69 bilhões. Somente neste ano, vencem R$ 1,9 bilhão.
Como plano de salvamento emergencial, a siderúrgica vai lançar R$ 1 bilhão em novas ações. Segundo fontes de mercado, a previsão é a de que nas próximas semanas a ação venha a público.