Teste Cruze Sport6 Premier: Correndo sozinho no segmento

Marcelo Jabulas
@mjabulas
24/01/2020 às 18:48.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:25
 (Marcelo Jabulas)

(Marcelo Jabulas)

O mercado brasileiro de automóveis vem se segmentando nos últimos 30 anos. Até a abertura das importações, o consumidor tinha poucas opções. A GM vendia o Opala, que estava em linha desde o fim dos anos 1960. A VW penteava o Passat desde meados dos anos 1970, a Ford acreditava que o Del-Rey era de fato um senhor sedã de duas portas e a Fiat tinha certeza de que o brasileiro não precisaria de nada mais qualificado que a Elba. Era tudo misturado.

Com a chegada dos importados, surgiram centenas de modelos, que exigiram uma categorização mais criteriosa. Hatches de entrada, compactos e médios, sedãs compactos e médios, peruas, monovolumes, picapes e a coqueluche que atende por SUV. 

 Os utilitários brotaram em meados dos anos 1990 como uma epidemia. Eles sepultaram as peruas e monovolumes como Scenic, Idea, Livina, Picasso e Meriva. Depois miraram nos hatches médios, como o Cruze Sport6, que é praticamente o único representante do segmento no Brasil, com exceção do Golf GTE, que é vendido a conta-gotas e pelos hatches premium importados como BMW Série 1 e Mercedes Classe A.

O problema dos hatches médios é o preço. Ele ficaram caros, com valores similares a sedãs e utilitários. Além disso, são carros de perfil de comprador jovem, o que encarece as apólices de seguro. Tudo, somado à popularidade dos utilitários, vem derrubando suas vendas. 

Em 2019, os hatches médios licenciaram apenas 8,7 mil unidades, contra 131 mil sedãs e 600 mil SUVs. O Cruze foi o líder com 5.230 unidades, bem aquém dos 17.827 emplacamentos da versão sedã, segundo a Fenabrave.

O carro
Testamos o Cruze Sport6 Premier, versão atualizada do hatch norte-americano, que ainda convive com a linha 2019. Em relação ao antecessor, ele ganhou nova grade e leves retoques nos para-choques. Por dentro, a novidade fica por conta da conexão 4G integrada. A banda larga pode ser compartilhada com os ocupantes. 

Também recebeu um novo grafismo do computador de bordo, que ficou com melhor leitura e navegação. O problema é que ele é caro. O Premier custa R$ 123.890, um preço muito alto para um modelo que pode ser comprado a partir de R$ 99 mil, na versão LT, e que oferece boa parte das funcionalidades. Aí fica difícil argumentar.

Raio-x Chevrolet Cruze Sport6 Premier 1.4

O que é?
Hatch médio, quatro portas e cinco lugares.

Onde é feito?
Fabricado na unidade da General Motors, em Rosário (Argentina).

Quanto custa?
Entrada - R$ 123.890 
Testado - R$ 125.490

Com quem concorre?
Há pouco tempo o Cruze Sport6 tinha uma lista de rivais como Bravo, 308, Golf e Focus. Hoje, ele disputa mercado apenas com o híbrido Golf GTE, que custa R$ 200 mil.

No dia a dia
O Cruze Sport6 é um automóvel para quem busca espaço interno, mas não faz questão de um porta-malas (290 litros) destacado e nem do conservadorismo de um sedã. A posição é baixa e bastante confortável, mas o banco conta com ajustes elétricos, o que permite elevar a altura e não comprometer a visibilidade.

O hatch tem um pacote de conteúdo invejável, com direito a ar-condicionado digital (de uma zona), central multimídia (com conexão para smartphone, mas a cereja do bolo é a conexão 4G, que pode ser compartilhada com outros aparelhos via Wi-FI e também permitir download de aplicativos), acendimento automático dos faróis, sensor de chuva, assistente remoto OnStar, detector de faixa de rodagem ativo (que mantém a direção dentro da faixa), alerta de colisão, roda aros 17, faróis de neblina e luz diurna em LED. 

O acabamento enche os olhos, principalmente pelo tom caramelo do revestimento em couro. A montagem também é impecável, bem diferente do que se vê num hatch ou SUV compacto.

Motor e transmissão
O motor 1.4 turbo de 153 cv e 24,9 mkgf já deixou de ser uma surpresa, mas nem por isso perdeu a importância. A unidade oferece força em qualquer regime e o setup da central eletrônica sempre busca a forma mais eficiente de condução. No entanto, quando é exigido, basta pressionar o acelerador com mais força, que ele despeja todo vigor nas rodas dianteiras.

Como bebe?
Abastecido com álcool, a unidade testada registrou média de 8,5 km/l no combinado entre trajeto urbano e rodoviário.

Suspensão e freios
Um dos poucos pecados do Cruze é a ausência de um conjunto de suspensão independente nas quatro rodas, o que o tornaria bem mais estável nas curvas. Mesmo assim o conjunto tem acerto voltado para o conforto e não para a performance, absorvendo bem as irregularidades do piso. Os freios contam com discos nas quatro rodas, assistente de partida em rampa “Hill Hold”, além do auxílio dos controles de tração e estabilidade (ESP).<EM>

Palavra final
O Cruze Sport6 Premier é a comprovação de mais um segmento que foi engolido pela avalanche dos utilitários-esportivos. Há pouco tempo o mercado contava com diversos modelos. Muitos se atualizaram na Europa, mas deixaram de ser vendidos por aqui. <EM>

O Cruze é um carro excepcional, mas peca pelo valor elevado: R$ 125 mil é uma faixa de preço em que o consumidor tem um leque muito grande de opções, entre sedãs, SUVs e picapes. Uma pena, pois é um carro excelente.

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