Teste: Honda Civic Si é um 'brinquedo' para gente grande

Marcelo Jabulas
@mjabulas
07/11/2020 às 00:46.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:58
 (Marcelo Jabulas)

(Marcelo Jabulas)

Muita gente reclama que os carros automáticos tiraram a graça da direção. O que não faltam são comentários de leitores e também de quem assiste aos vídeos da https://www.youtube.com/channel/UCQbMXYkSTJHnHrGvZSaQNuA. De certa forma, a troca manual gera uma conexão entre motorista e o carro. Mas uma coisa é ficar agarrado num engarrafamento sacolejando a alavanca de um popular e a outra é ter uma pista sinuosa e limpa para domar um esportivo. Nesse segundo quesito, não há como discordar dos caros amigos. 

O Honda Civic Si faz parte de um nicho de automóveis feitos para satisfazer a libido do motorista. É um carro totalmente contra-indicado para o consumidor que busca espaço, comodidade e refinamento, com bancos em couro e assistentes de condução. Ele é uma das opções mais puristas que se pode buscar num esportivo vendido no Brasil.

 A combinação do motor 1.5 turbo de 208 cv, com transmissão manual de seis marchas e um acerto de suspensão firme como uma bigorna, fazem dele um brinquedo de adulto. Guiar esse carro é como jogar videogame, mas com os efeitos da gravidade. O mais próximo que se pode chegar dele em termos de performance e preço é o Volkswagen Jetta GLI. O VW é um carro fantástico, mas não tem a mesma pegada “raiz” do Si.

Linha 2020

A linha 2020 chegou no segundo semestre e trouxe praticamente novidade alguma. O que mudou mesmo foi a moldura dos faróis de neblina (que agora são de LED). De resto, é o mesmo carro. E isso é ótimo, pois o Si é daqueles automóveis que não vale a pena querer inventar moda.

Seu preço de R$ 180 mil está longe de ser acessível, ainda mais para um carro duas portas que não tem a pretensão de ser o carro da família. Mas sejamos francos: um Renault Kwid parte de R$ 40 mil, um iPhone 12 está cotado para chegar por R$ 14 mil e um PS5 custa R$ 5 mil. Ou seja, tudo está caro. Mas quem pode pagar essa grana com certeza não irá se arrepender. Afinal, ele carrega toda a credibilidade da marca japonesa e se comporta como um verdadeiro samurai.

Raio-X Honda Civic Si 1.5

O que é?
Cupê, duas portas e cinco lugares.

Onde é feito?
Fabricado na unidade de Alliston (Canadá).

Quanto custa?
R$ 180 mil 

Com quem concorre?
Essa versão do Civic não tem um concorrente direto com mesma carroceria e faixa de preço e potência. Seu rival mais próximo é o Volkswagen Jetta GLI.

No dia a dia
Carro feito para quem não quer transportar pessoas. Típico carro de quem só vai levar a companhia no assento ao lado. Se precisar espremer mais três na segunda fileira, que se recline o banco e volte aos anos 1980. Sua posição de dirigir é baixa e os bancos do tipo concha encaixam perfeitamente o condutor. A transmissão manual de seis velocidades foi ergonomicamente projetada para ficar bem perto do volante. Falarei mais dela a seguir.

Esse carro não tem bancos em couro. Combina tipos diferentes de tecido, mas quem se importa? O importante é que tem pedaleira em alumínio, volante com costuras vermelhas e um painel raivoso. Como se trata de um teste, preciso dizer que a lista de equipamentos tem multimidia (com Android Auto e Apple CarPlay, câmera de ré, câmera de conversão à direita), ar-condicionado digital, vidros e retrovisores elétricos, mas não oferece nenhum tipo de assistência de condução. Não tem ACC e outras minudências eletrônicas. Mas quem que se prontifica a comprar um esportivo manual e querer que ele ande sozinho? 

Motor e transmissão
A unidade 1.5 turbo, que no Civic Touring entrega 173 cv, no Si foi calibrada para 208 cv e 26,5 mkgf de torque. Comedido e endiabrado ao mesmo tempo. Isso porque seu pico de torque aparece em baixos 2.100 rpm, enquanto toda potência surge em elevados 5.700 rpm, como um bom esportivo japonês, o que garante um ruído nervoso do pequeno motor. Claro que não se compara aos 7.800 rpm do primeiro Si vendido no Brasil, mas ainda sim é um grande barato. 

A transmissão manual de seis marchas é a raiz forte desse sushi. Engates curtinhos, como nos antecessores e é só afundar o pé e esperar o giro encher para fazer a troca. Se o amigo não souber o momento exato, o quadro de instrumentos digital permite exibir um shift light. Basta obedecer as bolinhas

Como bebe?
Preciso ser muito sincero: não testei esse carro buscando a eficiência, como geralmente faço. Se o amigo estivesse no meu lugar, faria igual. Mesmo assim, essa unidade turbo só pode ser abastecida com gasolina e seu consumo combinado ficou na casa dos 10,5 km/l. Uma maravilha comparado ao antigo Si com motor 2.4 que fazia 5,0 km/l pisando leve. 

Suspensão e freios
O acerto de suspensão é de um legítimo esportivo. Independente nas quatro rodas, ele é duro, mas não tão duro como num BMW. Mas o suficiente para não deixar que esse carro oscile nas curvas. Você pode até forçar a barra, mas ele tem tanto chão, como se tivesse em trilhos. 

Os freios usam enormes discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira. E para não dizer que não tem mimos da modernidade, o Si conta com freio de estacionamento automático e sistema “Brake Hold”, que mantém os freios pressionados no trânsito sem a necessidade manter o pé no pedal. Assim que se engrena a marcha e solta a embreagem os freios são liberados. Dá para arrancar com motor cheio, mas não vou contar como. 

Palavra final
É o carro mais legal que se pode comprar abaixo dos R$ 200 mil. É para quem busca diversão, estilo e não pode comprar um cupê alemão. Seus R$ 180 mil não são baratos, mas se considerarmos que em 2011, quando o dólar custava cerca de R$ 1,80, o Si (da geração “New” Civic) era vendido por R$ 95 mil, até que é honesto. A gente é que não tem dinheiro mesmo.

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