Teste: Levamos o Mustang Mach 1 para queimar borracha no asfalto

Marcelo Jabulas
@mjabulas
13/08/2021 às 07:40.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:40
 (Ford)

(Ford)

Existem carros que se tornam icônicos e vencem a barreira do tempo. Volkswagen Fusca, Porsche 911, Chevrolet Corvette... mas poucos são tão integrados à cultura popular como o Ford Mustang. Lançado em 1964, o carro idealizado para ser um esportivo de baixo custo se tornou um dos carros mais emblemáticos já criados. Fomos conferir de perto a edição mais recente do cavalo selvagem, batizada de Mach 1.

 Antes de mais nada, é preciso deixar claro que, quando se testa um carro como este, é bastante difícil fazer uma analise racional ou funcional de seu uso. Dizer que um Mustang é uma opção para o dia a dia é um disparate. Trata-se de uma ode ao prazer e nada mais

O Mach 1 voltou ao mercado depois de 15 anos. Trata-se de uma versão que surgiu em 1969 e foi reeditada em 1971 e 2004. Essa versão, quando surgiu, nos anos 1960, era a ponte entre o Mustang GT e as versões apimentadas como 302 BOSS e Shelby GT350. Agora ela volta para se posicionar entre o atual GT e Shelby GT350.

O grande lance desse Mustang é sua performance na pista. Desde que passou a utilizar suspensão independente nas rodas traseiras, o muscle car da Ford evoluiu consideravelmente. Com melhor comportamento dinâmico, o cupê se tornou mais competitivo diante dos GTs europeus como BMW M4 (F82) e Porsche 911 Carrera S, assim como o Mercedes AMG GT e Jaguar F-Type, apenas para citar modelos com tração traseira. Afinal, para as estradas sinuosas do Velho Mundo, é preciso ser bom de curva.

No Mach 1, essa performance do “joelho” para baixo é acentuada. A versão ganhou novas rodas aro 19, com pneus Michelin Pilot Sport e imensos discos de freio Brembo. Os amortecedores têm ajuste magnético e carga. Ou seja, já dá para deixá-los mais firmes ou macios. Ele também recebeu apêndices aerodinâmicos retirados dos Shelby GT350 e GT500. Itens como defletores dianteiros e extrator traseiro, que dão ao potro capacidade de atacar curvas com mais voracidade.

O novo Mach 1 é cerca de 20 cv mais potente que o GT “básico”. São 483 cv e 57 kgfm de torque extraídos do popular V8 Coyote 5.0, de aspiração natural. O ganho de cavalaria se deu pela adoção de novos filtros de ar, assim como corpo de borboletas retirado do Bullit (versão sazonal que celebra o clássico Mustang verde de Steve McQueen, no longa que dá nome ao carro). Também contribuiu para o melhor fôlego desse Mach 1 o escapamento retirado do GT500.

Tudo isso fez desse Mustang um carro impressionante, que vai além da truculência trivial de um muscle car. Ele acelera como o diabo, mas também faz curvas com muita firmeza. Definitivamente, uma maneira divertida de se torrar R$ 500 mil.


Raio-x Ford Mustang Mach 1 5.0

Onde é feito?
Fabricado na planta Flat Rock (Michigan, EUA)

Quanto custa?
R$ 540 mil

Com quem concorre?
O Mach1 concorre no segmento muscle, em que figura o Chevrolet Camaro SS. No entanto, em sua faixa de preço, ele disputa mercado com Audi TT RS, BMW Z4, Jaguar F-Type e Porsche 718 Boxster. 

No dia a dia
O Mustang Mach 1 definitivamente não é um carro para o seu dia a dia. Quem compra um esportivo desse porte, geralmente, tem uma garagem com opções mais práticas no uso cotidiano. O cupê é um carro baixo, largo e comprido, o que não faz dele a melhor opção para os engarrafamentos e a buraqueira das vias brasileiras.

Mas, se o amigo quiser fazer desse esportivo seu carro de uso diário, é possível torná-lo mais amigável. Ele conta com ajustes de condução com modo conforto que alteram a carga dos amortecedores, peso da direção e até mesmo o ronco do escapamento. Sim, esse carro tem um ruído quase pornográfico, que pode ser acentuado com os modos Sport e Pista (este último não deve ser ativado fora de uma pista fechada).

Mesmo assim, é um carro que exige asfalto liso, caminho aberto e vaga garantida. Afinal, não dá para ficar disputando estacionamento com esse cupê de quase cinco metros. E sem sensores de estacionamento. 

Sua posição de dirigir é digna de um muscle car. O motorista vai “enterrado” no banco (com ajuste elétrico), mas o teto baixo não permite elevar muito o assento. O banco abraça o motorista com as abas largas, fundamentais quando se leva esse carro ao limite. Como se trata de um legítimo 2 + 2, na parte de trás há dois bancos diminutos, como num 911. Dá para levar duas crianças, isso, se o motorista e o carona da frente forem baixinhos. 

O pacote de conteúdos oferece partida sem chave e quadro de instrumentos digital (que tem um grafismo retrô, que remete à instrumentação da primeira geração). O painel segue o desenho clássico do Mustang com dois módulos que dividem as acomodações. Ele ainda oferece multimídia com sistema Sync, conexão para Apple CarPlay e Android Auto, assim como sistema de áudio Bang & Olufsen e câmera traseira. Mesmo que a melhor música desse carro seja tocada pelo V8. O pacote de assistências inclui ACC, monitor ativo de faixa e frenagem emergencial, como em qualquer carro moderno. O porta-malas, por sua vez, é incrivelmente amplo. São 382 litros. Algo notável quando se trata de um cupê esportivo.

Motor e transmissão
O motor V8 Coyote 5.0 é um velho conhecido do Mustang. Esse bloco da velha guarda vem passando por aprimoramentos ao longo dos anos. No Mach 1 são 483 cv e 57 kgfm de torque, que garantem a esse carro um comportamento diabólico.

Nos EUA ele é oferecido com caixa manual de seis marchas, mas, por aqui, ele vem com uma bela transmissão de 10 velocidades que facilita e muito a vida do pretenso piloto. Essa caixa, além de entregar trocas extremamente rápidas, é capaz de gerenciar a índole do motorista oferecendo o máximo de eficiência ou performance. 

Quando se roda com o pé suave, ele sempre busca manter o carro na faixa dos 1.500 rpm. Mas basta cutucar o pedal com mais vigor para que ele desça de nona para terceira e faça o V8 subir para acima dos 5 mil giros e despejar todo o torque do Coyote.

Como bebe?
Com uso exclusivo de gasolina, seu consumo médio gira em torno de 5,5 km/l. No entanto, é possível elevar essa média para 9,3 km/l na estrada. 

Suspensão e freios
A suspensão do Mach 1 é um caso à parte. Ele conta com conjunto independente nas quatro rodas e amortecedores com ajuste de carga. Baixíssima, ele não gosta de pisos irregulares, quebra-molas e muito menos buracos. No entanto, garante muito chão para quem busca levar esse carro ao limite na pista.

Já os freios utilizam conjunto italiano Brembo com discos ventilados nas quatro rodas. Cada um com enormes pinças que fazem esse carro descer dos 200 km/h para 50 km/h numa velocidade absurda. E o melhor, o freio de mão é manual. Fica a dica!

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