Teste: Strada Hard Working não esconde idade, mas ainda dá conta do recado

Marcelo Ramos
23/11/2018 às 22:02.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:13
 (Marcelo Ramos)

(Marcelo Ramos)

O segmento de picapes leves se calça no pragmatismo, apesar de não fechar os olhos para apelos emocionais. Mas é fato que se trata de um segmento em que o estímulo por renovação é mais letárgico. E não há melhor exemplo que a Fiat Strada. 

No mercado há 20 anos, o utilitário betinense é o último remanescente da primeira geração da família Palio, ao lado da perua Weekend. Entrar nela em pleno 2018 é uma sensação conflitante. Pois o cheiro de carro novo não condiz com sua arquitetura arcaica. A posição de dirigir torta, com pedais colados e desalinhados com o volante, o layout do painel, que apesar das mudanças cosméticas, é o mesmo da segunda metade da década de 1990. É quase retrô.

Mas, como já foi dito, a Strada foi projetada para ser um veículo de trabalho, principalmente nas versões Working e Hard Working. Seu argumento de vendas está na capacidade de transportar cargas com baixo custo operacional e não ser o carro que irá massagear seu ego. 

Líder do segmento, este ano ela já acumula 56 mil emplacamentos, enquanto os rivais mais jovens, juntos, não conseguem superar esse volume. E o segredo da Strada está na combinação de resistência, simplicidade e manutenção baixa.

Concorrendo com Saveiro e Montana, ela é a única que oferece feixe de molas na suspensão traseira. Já as rivais usam molas helicoidais. Isso lhe permite capacidade de carga de 705 quilos, superior aos 650 quilos da Toro, com motor 1.8 de 139 cv. Para o frotista não ha argumento melhor.

Assim, testamos a Strada Hard Working 1.4, com cabine estendida. A versão figura no centro da linha da picape, com maior comodidade que as opções cabine simples, mas sem lotação da cabine dupla.

Partindo de R$ 65.690, a versão estendida permite levar volume considerável de bagagem dentro da cabine. O preço é quase R$ 9 mil a mais que a Hard Working cabine simples, e R$ 3 mil mais barata que a mesma configuração de acabamento e cabine dupla. Mas vale lembrar que ela é paupérrima de conteúdos.

Raio-x Fiat Strada hard working 1.4 (cabine estendida)

O que é?
Picape leve, dois lugares e cabine estendida.

Onde é feito?
Fabricada na unidade de Betim (MG).

Quanto custa?
R$ 65.690 (básico)
R$ 70.870 (testado)

Com quem concorre?
Tem apenas dois concorrentes no mercado brasileiro. No entanto, a única concorrente com cabine estendida é a Volkswagen Saveiro Pepper 1.6 (R$ 72.610).

No dia a dia
A Strada Hard Working cabine estendida é um veículo projetado para cargas, mas com pequeno compartimento de bagagem atrás dos bancos. Ela pode ser uma opção para casais sem filhos e que precisem de uma caçamba para transportar volumes que não cabem ou não são recomendados para levar no porta-malas, como materiais de construção, maquinário, ração e coisas do tipo.

Seu uso na cidade não difere muito do de um hatch popular. O que pesa contra a Strada é seu projeto ultrapassado, com posição de dirigir, longe de ser um exemplo de ergonomia. O acabamento é pobre, bem inferior de quando ela chegou em 1998, com plásticos duros e quadro de instrumentos simplificado, seguindo o padrão do Uno.

A cabine estendida oferece bom espaço para bagagem e não rouba muito volume da caçamba. É possível comportar até duas malas pequenas sem obstruir a visão ou comprometer o conforto. Por outro lado, não é permitido levar passageiros nesse espaço. Não há assento e nem mesmo cintos de segurança.

Por ser um veículo de carga, a versão é bastante espartana. Sua lista de ítens de série conta apenas com direção hidráulica e ar-condicionado. No entanto, a versão testada contava com pacote de opcionais Pleasure, que inclui itens como rádio (CD, USB e Bluetooth), Vidros e travas elétricas, abertura interna do bucal do tanque de combustível, capota marítima, calotas e protetor de carter. O conteúdo é vendido por R$ 3.190. A unidade ainda era equipada com faróis de neblina, que não figuram mais no catálogo 2019.

Motor e transmissão
O motor 1.4 8v de 88 cv e 12,5 mkgf é um velho conhecido do consumidor. A unidade oferece bom comportamento com caçamba vazia. Carregado a caminhonete sofre para desenvolver, mesmo com boa oferta de torque a partir de 2 mil rpm. Seu pico de torque é a 3.500 giros. A caixa manual de cinco marchas também é popular na praça e peca por seu engates longos e falta de precisão. 

Como bebe?
Seu consumo com gasolina foi de 10,5 km/l no trajeto combinado entre urbano e rodoviário. Vale lembrar que nas medições ela estava descarregada.

Suspensão e freios
A suspensão da Strada é seu ponto forte, mas nem por isso significa que seja sofisticada. Ela utiliza sistema McPherson na dianteira e feixe de molas com eixo rígido na traseira. É eficiente para suportar peso, mas compromete a estabilidade. Os freios utilizam o trivial: discos ventilados nas rodas dianteiras e tambores na traseira.

Pontos positivos
- Capacidade de carga
- Volume de bagagem atrás dos bancos

Pontos negativos
- Acabamento
- Projeto antigo
- Lista de ítens de série precária

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por