'Torcedor do Coelho' e exemplo para colegas: mineiros lamentam a morte de Ricardo Boechat

José Vítor Camilo
11/02/2019 às 16:56.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:29
 (Reprodução / Redes Sociais)

(Reprodução / Redes Sociais)

"Era um privilégio enorme estar com ele". Assim a chefe de reportagem da rádio CBN, Lilavati Olivera, de 37 anos, descreve os anos que trabalhou com Ricardo Boechat, jornalista de 66 anos que morreu em um acidente de helicóptero na manhã deste segunda-feira (11). Descrito sempre como muito alegre, simples e, principalmente, excelente profissional, o apresentador deixará saudade por onde passou, inclusive entre centenas de colegas de profissão de Minas Gerais. 

"Basicamente, todos nós que convivemos com ele vamos dizer a mesma coisa. Que ele era uma pessoa maravilhosa, sábio no que fazia, um homem que não se calava ante os problemas do povo brasileiro. Ele era muito alegre, simples, uma pessoa boa demais. Imagino a falta que ele vai fazer aos amigos da Band. O Brasil perdeu um grande comunicador, uma grande voz e, também, um grande homem. E todos que tiveram esse privilégio de conhecê-lo, vão sentir muito", lamenta Lilavati, que trabalhou com Boechat por anos na Band e na rádio Band News. 

Funcionário há quase 10 anos da Band de BH, Júlio Vieira conta que estava trabalhando quando começaram a chegar mensagens de ouvintes relatando a queda do helicóptero. "Fui para casa e só depois soube que o Boechat estava lá. Foi um choque muito grande. Hoje de manhã entramos com ele normalmente, às 7h30, e aí descobrimos que ele morreu dessa forma repentina. Lá na redação a gente estava com um peso muito grande da cobertura de Brumadinho, dos meninos do Flamengo. A gente queria começar a semana melhor, falei ao vivo que torcia por uma semana mais leve. E aí acontece isso com o cara que era uma referência para todos nós, que foi um espelho na minha carreira. Era um sonho pra gente entrar com ele, ter participação no 'jornal do Boechat', como dizíamos", conta o jornalista. 

Vieira lembra ainda que, mesmo tendo pouco contato com Boechat, mesmo em poucos minutos de conversa era suficiente para se aprender muito. "Em Brumadinho ele ficou uns cinco minutos no telefone comigo, falava o tempo todo que a gente tinha que ouvir as famílias das pessoas desaparecidas, focar em quem era realmente a vítima desse crime. A Band News tinha um DNA diferente muito por que ele era inovador. Não vai ser a mesma coisa fazer o jornal sabendo que o Boechat não vai conversar com a Bérgamo às 8h20, que vinte minutos depois ele ia falar com o Simão", finalizou. 

"E o meu América?"

A relação de carinho de Ricardo Boechat com Minas ia além do contato diário com os jornalistas das emissoras em que trabalhava. Flamenguista de coração, ele também tinha um time preferido entre os mineiros: o América. Durante a apresentação do jornal da Band, ele constantemente queria saber sobre a situação do time alviverde durante os bate-papos com Milton Neves sobre a rodada do futebol brasileiro, perguntando: "e o meu América?", reforçando o carinho que sentia pelo time mineiro. 

No dia 30 de abril de 2014, durante seu programa na rádio Band News, o jornalista chegou a tocar o hino do América em homenagem pelos 102 anos de criação. O episódio é lembrado no blog do jornalista Chico Maia, que conta que Boechat, quando perguntado sobre o porquê de torcer pelo clube mineiro disse: “Porque torço; se em Minas a maioria é Atlético e Cruzeiro, eu sou América e pronto!”

Após a morte do jornalista, o clube lamentou a tragédia nas redes sociais. "O América lamenta profundamente a trágica morte de Ricardo Boechat, referência do jornalismo e torcedor do Coelhão. Expressamos nossos sentimentos à família e aos amigos do jornalista e das demais vítimas desse triste acidente". 

O clube lembrou ainda que em 2015, quando Boechat esteve no Mercado Central de BH para apresentar o programa ao vivo, ele ganhou uma camisa do América e um Cartão de Sócio Onda Verde. Em entrevista ao Hoje em Dia, o presidente do América, Marcus Salum, disse que falaria como presidente do clube, mas também como uma pessoa comum que tinha muita admiração por Boechat. 

"Pela competência, pela seriedade e tudo que ele representava na imprensa brasileira. A gente fica muito triste, o Brasil vai ficar com um grande vazio. Como presidente do América eu diria que perdemos mais um americano ilustre. Ele sempre nos tratou com muito carinho, sempre nos defendeu nacionalmente e, por isso, todos nós americanos estamos tristes neste dia", declarou.  

Governador lamenta a morte

O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), também divulgou uma nota repercutindo a morte. "Logo após ser eleito, Zema fora entrevistado pelo jornalista no programa 'Canal Livre', da Band, em novembro de 2018. Admirador da exemplar carreira de Boechat, Romeu Zema se solidariza com os familiares, amigos e colegas de trabalho do jornalista e lamenta essa perda para a imprensa brasileira", diz o texto. 

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) também lamentou a morte de Boechat por meio de uma nota. "O presidente da ALMG, deputado Agostinho Patrus (PV), recebeu com tristeza a notícia da morte do jornalista Ricardo Boechat em um acidente de helicóptero nesta segunda-feira. Ele destaca a atuação crítica, independente e corajosa que marcou a carreira de Boechat ao longo de décadas em diferentes veículos e, em nome da Assembleia de Minas, manifesta seu pesar com familiares, amigos e colegas de trabalho do jornalista e do piloto do helicóptero", diz o texto. 

A Polícia Militar (PM) de Minas Gerais também publicou uma imagem em suas redes sociais lamentando a morte do jornalista. Reprodução / Redes Sociais / N/A

Imagem foi publicada nas redes sociais da Polícia Militar do Estado

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