Três atentados a bomba atingem Damasco e UE discute ajuda a refugiados

AFP
07/09/2012 às 19:53.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:06
 (Achilleas Zavallis/ AFP)

(Achilleas Zavallis/ AFP)

DAMASCO - Três ataques a bomba atingiram Damasco nesta sexta-feira (07), em um dia cheio de combates mortais entre soldados e rebeldes e manifestações hostis ao regime de Bashar al-Assad por toda a Síria.

Ao mesmo tempo, os chanceleres da União Europeia reuniram-se em Paphos (Chipre) para discutir a transição e ajuda aos refugiados sírios. A Comissão Europeia anunciou a liberação de 50 milhões adicionais para os civis.

Em Damasco, uma atentado com moto-bomba ocorreu em Ruknedin, na saída dos fieis da mesquita Al Rukniya, e provocou feridos entre os fieis, segundo a televisão estatal, citando cinco mortes entre os membros das forças de ordem.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma ONG que se baseia em uma rede de militantes, informou o mesmo número de mortes, acrescentando que seis policiais ficaram feridos.

Desde o início da revolta, em março de 2011, as forças de ordem cercam as entradas das mesquitas e abrem fogo contra a multidão todas as sextas, dia tradicional de mobilizações no país, para impedir que manifestações se formem após a oração, segundo os militantes.

Um segundo atentado, desta vez com carro-bomba, aconteceu duas horas depois entre o Palácio de Justiça e o Ministério da Informação, no bairro rico de Mazzé, de acordo com a televisão estatal.

Vários carros foram atingidos, segundo a televisão, que não indicou um número de vítimas.

Os dois ataques foram atribuídos à "terroristas", termo utilizado pelas autoridades para designar os opositores e rebeldes que combatem o regime e exigem a saída de Assad.

Uma terceira bomba explodiu no bairro de Salhiyé, ferindo soldados, segundo militantes.

 "Manifestações em massa"

Nas últimas semanas, os atentados se multiplicaram em Damasco, apesar das medidas de segurança tomadas pelo regime, que também não consegue conter as manifestações.

Os protestos "massivos", segundo o OSDH, ocorrem em várias localidades rebeldes da província de Idleb (noroeste), assim como na província de Damasco. Em Harasta o Exército realiza operações para tentar esmagar a rebelião.

Para esta sexta-feira (07), os militantes protestaram sob o lema "Homs sitiada nos chama", em referência à terceira maior cidade do país, onde os bombardeios do Exército são constantes e a situação humanitária desastrosa.

Vídeos postados na internet mostram dezenas de jovens manifestantes nos bairros de Barzé e Assali, em Damasco. "Síria, uma revolta de dignidade e de liberdade", gritavam.

Nos bairros de Shaar e Sakhour, no leste de Aleppo, as manifestações aconteceram, "apesar dos bombardeios", afirmou o OSDH.

Ao menos 65 pessoas, entre elas 31 civis e 15 rebeldes, morreram em meio à violência em todo o país, segundo o OSDH.

Centenas de soldados, apoiados por tanques, atacaram Babbila, uma localidade próxima de Damasco, indicou o OSDH. Combates também aconteceram nos arredores de al-Qazzaz, no sudeste da capital, onde as forças de segurança prenderam dezenas de jovens.

Além disso, os corpos de 16 homens foram descobertos em Harasta, segundo o OSDH, que indicou que alguns tinham marcas de tortura. Ontem, ao menos 45 corpos foram encontrados na mesma região. Essas descobertas macabras são frequentes há semanas.


Conter a crise humanitária

Neste contexto, os ministros europeus das Relações Exteriores tentam explorar os meios para ajudar a oposição síria, concentrando-se na crise humanitária.

A Comissão Europeia vai desbloquear uma ajuda humanitárias adicional de 50 milhões de euros, elevando para 119 milhões de euros a contribuição da UE.

A UE procura se proteger de uma eventual chegada de refugiados, enquanto a Turquia e a Jordânia, que já acolheram milhares de sírios, consideram que em breve não serão mais capazes de acolher todos que chegam diariamente.

As sanções contra Damasco estão em seu auge, e a UE apela há vários meses para que Assad dê lugar a um governo de transição. Mas o Conselho de Segurança da ONU tem suas ações dificultadas pelo veto da Rússia e da China, aliadas do regime sírio.

O desafio da crise é grave, advertiram os ministros italianos e franceses, Giulio Terzi e Laurent Fabius. "Se não ajudarmos a Síria, a estabilidade no Oriente Médio ficará comprometida e a segurança na Europa, em todos os seus aspectos, (...) correrá grave risco", disseram eles.

Seu homólogo espanhol, José Manuel García Margallo, estimou que a UE deve "reativar um plano para acabar com" a violência que já matou mais de 26.000 pessoas, desde o início da revolta, segundo o OSDH.

O Canadá, por sua vez, anunciou o fechamento de sua embaixada em Teerã e a expulsão de todos os diplomatas iranianos ainda presentes em seu território, invocando uma "ajuda militar crescente" de Teerã ao regime sírio.

Em tempo, um diplomata canadense de origem marroquina, Mokhdar Lamani, foi nomeado para dirigir o escritório em Damasco do novo mediador internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi.

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