Transparência Brasil: o custo anual do Congresso

Hoje em Dia
19/10/2013 às 07:35.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:28

O Brasil está gastando muito com seus congressistas. Cada deputado federal e senador representa uma despesa anual de R$ 14,3 milhões, de acordo com estudo feito pela Transparência Brasil. Para chegar a esse resultado, a organização não governamental dividiu o gasto do Congresso Nacional previsto para este ano, de R$ 8,5 bilhões, pelo número de parlamentares.

É uma conta legítima mas perigosa, pois no extremo pode levar o contribuinte a acreditar que seria mais negócio ter um governo despótico do que suportar um legislativo caro e deficiente.

No entanto, o estudo tem grande interesse público, ao fazer a comparação do Congresso brasileiro com o de outros dez países: Alemanha, Argentina, Canadá, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália e México. Em todos eles, o Brasil tem o maior custo em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). E só perde para os Estados Unidos, quando se compara o custo do Congresso por minuto e o custo por parlamentar em 2013, levando-se em conta o poder de compra de cada país.

É um custo excessivo, na opinião do cientista político Gilberto Damasceno, professor da PUC Minas, entrevistado pelo Hoje em Dia. Ele lembra que todos os produtos no Brasil, de automóveis a playstations, são quatro vezes mais caros que nos Estados Unidos. E o custo dos parlamentares contribui para isso. Segundo Damasceno, a população “não tem maturidade para perceber que o Estado brasileiro é o parasita de nossa economia e de nosso trabalho”.

Em outubro de 2014, haverá novas eleições. Há tempo para conscientizar as pessoas sobre a necessidade de eleger políticos que não olham apenas os próprios interesses. Não é fácil transformar a cultura atual de nossa política, mas com persistência o país acabará fazendo uma revolução republicana.

Quando chegar afinal esse momento, ninguém mais vai achar normal que a Diretoria Geral do Senado faça uma licitação para abastecer a residência oficial do presidente da Casa – onde Renan Calheiros mora com a mulher e dois filhos –, pelos próximos seis meses, com 25 quilos de camarão, 20 quilos de frutos do mar, 1.700 quilos de carnes, dos quais 100 de filé mignon, além do trivial encontrado na casa dos brasileiros, como arroz e feijão.

A licitação foi suspensa. O contribuinte deixa de pagar R$ 98 mil por esses alimentos. Ou seja, R$ 16.333 por mês, ou 24 vezes o valor do salário mínimo. Mas no último semestre de 2012, pagou R$ 290 mil.

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