Uruguai deixa Unasul e regressa ao tratado de defesa com EUA

Agência Brasil
11/03/2020 às 14:02.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:54
 (Reprodução/Pixabay)

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O chanceler do novo governo do Uruguai, Ernesto Talvi, anunciou que o país deixará a União de Nações Sulamericanas (Unasul) e regressará ao Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar). Os anúncios mostram mudança no rumo das relações exteriores do país.

Nos últimos 15 anos o Uruguai foi governado pela coalizão de esquerda Frente Ampla. No dia 1º de março deste mês, Luis Lacalle Pou tomou posse como presidente após vencer as eleições do ano passado. Lacalle Pou é de centro-direita.

O atual chanceler do país, Ernesto Talvi, também participou da disputa presidencial, pelo partido Colorado, e obteve cerca de 12% dos votos no primeiro turno. No segundo turno, apoiou a Lacalle Pou, integrando uma coalizão com o partido Cabildo Abierto, de Guido Maníni Ríos.

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Na terça-feira (10), Ernesto Talvi fez o primeiro anúncio importante da sua nova gestão. A retirada do Uruguai da Unasul, de acordo com o governo, se deve a que o organismo já deixou de funcionar. Além de estar sem um secretário-geral desde 2017, não possui uma sede e foi abandonado pela maioria dos países. Atualmente, permanecem no órgão apenas Guiana, Suriname e Venezuela.

Em abril do ano passado, os governos do Brasil, da Argentina, do Chile, da Colômbia, do Paraguai e do Peru decidiram de forma conjunta se retirar da Unasul em função da prolongada crise no organismo.

Talvi anunciou também o regresso do Uruguai ao Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar). Em setembro de 2019, o então chanceler Rodolfo Nín Nóvoa anunciou o início do processo de desligamento do país. À época, o Uruguai foi o único país, entre os 19 membros, que votou contra a ativação do mecanismo que permite desde a ruptura das relações diplomáticas com a Venezuela a uma intervenção militar no país.

O Tiar é um tratado de defesa mútua, assinado na década de 1940 entre diversos países americanos. O princípio central do acordo é que um ataque contra um dos membros será considerado como um ataque contra todos, com base na chamada "doutrina da defesa hemisférica". Os Estados Unidos são um dos Estados-membros.

Agora, o processo de saída do Uruguai foi interrompido para que o país volte a fazer parte do organismo. De acordo com uma nota emitida pelo Ministério das Relações Exteriores, "com esta decisão, Uruguai assegura sua permanência no Tiar, âmbito no qual continuará participando e fazendo conhecer suas posições. Com esta medida, o país reforça também seu compromisso histórico com o sistema interamericano".

"A nova gestão entende que a saída do Tiar debilitava o sistema interamericano e privava o nosso país de fazer sentir sua voz nesse âmbito de assistência recíproca em matéria de defesa coletiva e de segurança hemisférica", diz a nota.

O Ministério das Relações Exteriores do Uruguai afirmou ainda que as mudanças de eixo do novo governo têm como objetivos o compromisso com o multilateralismo, o fortalecimento da OEA e a formação de alianças baseadas em uma institucionalidade forte e "não em afinidades ideológicas".

Primeira Missão

Talvi anunciou ainda que a sua primeira missão oficial como chanceler será a Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), no dia 20 de março, em Washington, nos Estados Unidos. Nesta data acontecerá a eleição do secretário-geral do órgão. Talvi já afirmou publicamente que apoiará a reeleição do atual secretário, Luis Almagro.

O chanceler disse também que o Uruguai está avaliando convites para fazer parte do Grupo Lima e do Prosul.

O Grupo de Lima é composto atualmente, além do Brasil, por Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, Santa Lúcia e Venezuela. E é o principal fórum regional de discussão sobre a crise venezuelana e de articulação de posições comuns dos países-membros em fóruns internacionais.

O Prosul é composto por Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Guiana e Peru. Os requisitos para participar do organismo são: estar em plena vigência da democracia, com respeito à separação dos poderes do Estado, liberdade e direitos humanos, assim como o respeito à soberania e integridade territorial. O Prosul trata de temas de integração em infraestrutura, energia, saúde, defesa, segurança e combate ao crime, e prevenção e manejo de desastres naturais.

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