Usiminas lançará ações para salvar caixa

José Antônio Bicalho - Hoje em Dia
11/03/2016 às 20:43.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:46
 (Arquivo Hoje em Dia)

(Arquivo Hoje em Dia)

O Conselho de Administração da Usiminas aprovou, nesta sexta-feira (11), a capitalização da empresa, por meio de aumento de capital (lançamento de ações), no montante de R$ 1 bilhão. Também foi aprovado um lançamento imediato de 50 milhões de ações preferenciais, que somam, ao preço unitário de hoje do papel (R$ 2,02), outros R$ 101 milhões para a empresa.

A Usiminas enfrenta atualmente uma grave crise de liquidez. Precisará pagar neste ano cerca de R$ 1,9 bilhão em compromissos financeiros (juros e amortizações de financiamentos e empréstimos), mas vem apresentando prejuízos subsequentes e seu caixa estaria próximo do esgotamento. O aumento de capital foi aprovado com o objetivo de criar um colchão de liquidez que permita a empresa atravessar o atual período de forte depressão do preço do aço e queda acentuada da demanda em todo o mundo.

De acordo com participantes, a reunião do conselho foi tensa e cansativa. Durante seis horas, os membros do conselho e advogados discutiram alternativas para a operação. Apesar de concordarem com a necessidade da capitalização, os sócios controladores da Usiminas ­ os grupos japonês Nippon Steel & Sumitomo e ítalo-argentino Techint/Ternium ­, divergiram quanto ao modelo a ser adotado.

Por sete votos a três, os japoneses foram vitoriosos em sua proposta de capitalização de R$ 1 bilhão, por meio da emissão de ações exclusivamente ordinárias (com direito a voto) e se manifestaram dispostos a bancar toda a operação caso a Ternium não aceitasse dividir o investimento. Já os ítalo-argentinos defenderam uma operação menor, de R$ 563 milhões, e o lançamento de ações ordinárias e preferenciais, como forma de favorecer a participação dos minoritários.

Derrotados em sua proposta, ainda não se sabe se a Ternium acompanhará a operação.

Aprovada a operação pelo Conselho, os próximos passos serão a negociação imediata com os bancos de um stand still (uma moratória dos pagamentos de obrigações) por um prazo de 90 dias, período no qual serão negociadas novas condições de financiamento (carência, prazos e juros). A Usiminas é hoje uma empresa altamente endividada, com um estoque de R$ 7,6 bilhão, e compromissos de R$ 1,9 bilhão com vencimento previsto para este ano. A capitalização da empresa pelos sócios era uma exigência dos bancos credores para a renegociação das dívidas.

Outra fonte importante de recursos no curtíssimo prazo poderá vir do caixa da Mineração Usiminas, sobre o qual a Usiminas tem direito a até R$ 900 milhões. Mas a liberação deste depende da aprovação do segundo sócio da mineradora, a Sumitomo, que no Japão faz parte do grupo da Nippon. Espera-se que a capitalização da siderúrgica facilite essa aprovação.

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