Vale Manganês corta 50% do salário à espera de subsídio do governo federal

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
05/07/2015 às 10:10.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:46

Os 150 funcionários da Vale Manganês da unidade de Ouro Preto, na região Central do Estado, terão o salário cortado em até 50% a partir de 20 de julho, quando entrarão em licença remunerada e ficarão em casa. A proposta da companhia foi feita ao Sindicato dos Metalúrgicos de Ouro Preto, que aceitou pedido mediante garantia de que a empresa não irá demitir nenhum empregado até pelo menos 19 de outubro, três meses depois, quando termina a licença. De acordo com o sindicato, a oferta também será feita às unidades de Barbacena e Conselheiro Lafaiete, afetando 600 pessoas.
Por nota, a empresa informou que está se esforçando para evitar os desligamentos.
O piso salarial da Vale Manganês, segundo o advogado da entidade, Renato Lisboa, é de R$ 1.325. Entre 20 de julho e 19 de outubro, os empregados passarão a receber 50% do salário nominal, limitado a este valor. “Dessa forma, algumas pessoas terão o salário reduzido em 50%, outras menos, em 20%. Teremos até outubro para encontrar uma solução para o problema e evitar as demissões”, afirma.
A Vale Manganês é uma empresa eletrointensiva, ou seja, utiliza a energia como matéria-prima. Isso significa que cerca de 50% do custo de produção são com a eletricidade. No entanto, em dezembro do ano passado venceu o contrato de aproximadamente R$ 67 por megawatt-hora (MWh) que as empresas do setor mantinham com a Cemig há cerca de dez anos.   As empresas e a estatal não chegaram a um acordo sobre o novo valor a ser cobrado e o contrato não foi renovado. A Vale Manganês se mantém descontratada desde então. “A Cemig quer cerca de R$ 400 e, para a empresa, é inviável produzir com mais de R$ 180”, afirma Lisboa.   É importante ressaltar que, na época, a energia era comercializada no mercado livre a aproximadamente R$ 822, teto do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD). Como o lucro ao vender o insumo era maior do que o conseguido ao produzir, os três fornos da Vale Manganês estão abafados há meses.   A expectativa, de acordo com Lisboa, é que as empresas de Minas sejam incluídas por emenda na Medida Provisória (MP) 677, editada pela presidente Dilma Rousseff com o objetivo de subsidiar o valor do MWh para um grupo de empresas instaladas no Nordeste, incluindo a própria Vale.   Audiências   Para pressionar o governo, o Sindicato dos Metalúrgicos de Ouro Preto conseguiu agendar duas audiências públicas. A primeira será na Assembleia Legislativa de Minas no próximo dia 9. A outra será em Brasília, na Câmara dos Deputados, em 4 de agosto. “Se Minas não for beneficiada, teremos graves problemas de demissões. Afinal, o setor está ruim e perderá ainda mais competitividade para o Nordeste”, diz o advogado.   Entre janeiro de 2014 e junho de 2015, o quadro de empregos do setor de ferroligas em MG caiu pela metade – de 8 mil para 4 mil.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por