Valeria Golino subverte clichê da deficiente visual vitimizada

Estadão Contéudo
30/12/2018 às 07:44.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:48
 (Reprodução/Instagram)

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Atriz e também diretora, Valeria Golino tem dado mostras de sensibilidade e inteligência. É a alma de Emma e as Cores da Vida, o longa de Silvio Soldini, diretor de Pão e Tulipas, que inaugura a nova distribuidora Arteplex. Valeria faz a personagem-título, uma osteopata cega com quem se envolve o personagem de Adriano Giannini. Homem não presta - ele é o exemplo perfeito. Mas não pense que a ceguinha, com todo respeito, vai ser a vítima perfeita para a cafajestice dele.

Sob múltiplos aspectos, Emma é muito bem-sucedida - na profissão, na cama, com os homens de sua vida. Já Adriano, filho do ator Giancarlo Giannini - dos filmes de Lina Wertmüller -, pode até ser bom como profissional de publicidade, mas com as mulheres e a família deixa muito a desejar. Não admira que o tempo todo nós, o público, estejamos do lado de Emma. Ocorre que Giannini e ela têm química. E é a química deles que movimenta o filme.

Soldini é autor de um elogiado documentário sobre cegos - Per Altri Occhi. Em entrevista ao Estado, disse que o que aprendeu com eles inspirou sua ficção. Cegos, e especialmente cegas, pela vulnerabilidade, prestam-se a vítimas em policiais e relatos de suspense - Audrey Hepburn em Um Clarão nas Trevas, Mia Farrow em Terror Cego, Madeleine Stowe em Blink - Num Piscar de Olhos, etc. Já os homens têm ganho papéis mais complexos - Vittorio Gassman e Al Pacino nas duas versões de Perfume de Mulher, o primeiro, premiado em Cannes, o segundo, com o Oscar. Independentemente de prêmio, Valeria sai-se muito bem. O próprio Soldini acerta - a tela preta, no começo e no fim, é um recurso muito interessante.

 

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