Vereadores de Uberlândia são alvo de operação contra fraudes

Bernardo Almeida*
16/12/2019 às 12:12.
Atualizado em 05/09/2021 às 23:03
 (Secretaria Municipal de Comunicação e Governo de Uberlândia  / Divulgação)

(Secretaria Municipal de Comunicação e Governo de Uberlândia / Divulgação)

A Câmara Municipal de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, tem 22 vereadores presos após a deflagração de duas operações do Ministério Público de Minas Gerais nesta segunda para apurar suspeitas de fraude em contrato de segurança da casa legislativa, por meio da contratação de vigilantes “fantasmas”, e desvio de verbas de gabinete para a suposta contratação de serviços gráficos, com emissão de notas fiscais ideologicamente falsas pelas empresas. 

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público cumpriu, juntamente com a Polícia Militar, 41 mandados de prisão contra empresários e parlamentares do município de quase 700 mil habitantes, dentro das operações “Guardião” e “Má Impressão”. Vinte e um vereadores foram presos (um deles foi considerado foragido, mas estava fora da cidade e já se apresentou), e outro,  Wilson Pinheiro (PP), já cumpria prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica. 

Também foram conduzidos 41 mandados de busca e apreensão nas casas dos investigados e no gabinete da presidência da Câmara, onde os agentes recolheram computadores, documentos e até mesmo rascunhos da secretária do presidente Hélio Ferraz (PSDB), apelidado Baiano, e que também havia sido alvo da operação de outubro. Dentre os 21 parlamentares detidos nesta segunda, dois já haviam sido alvo de uma operação do Ministério Público em outubro e estavam afastados.Secretaria Municipal de Comunicação e Governo de Uberlândia / DivulgaçãoDos 27 vereadores de Uberlândia, 22 estão detidos após última operação do Ministério Público, deflagrada nesta segunda-feira

Segundo o Ministério Público, foram encontrados R$160 mil em espécie e R$800 mil em cheques na casa do presidente da Câmara, e R$ 1 milhão em espécie (reais, euros e dólar), na residência de uma das vereadoras investigadas.

De acordo com a Câmara, o parlamentar mais velho e com mais experiência dentre os oito remanescentes (sendo três suplentes dos detidos em outubro), procurou o Ministério Público para saber como a proceder agora, já que os vereadores estão presos temporariamente, com prazo de 5 dias, podendo ser estendido em caso de necessidade.

A Câmara havia realizado a última sessão ordinária de 2019 nessa sexta-feira (13) e, antes disso, a Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2020 já havia sido aprovada.

Os legisladores prestam depoimento no Ministério Público desde a manhã desta segunda.

Servidores e funcionários terceirizados também são alvos da operação deflagrada nas primeiras horas da manhã. Muitos dos detidos foram localizados em casa. 

A assessoria da Câmara foi procurada e disse que o Parlamento não foi oficialmente notificado e aguarda mais detalhes oficiais sobre o objetivo da operação para se manifestar. Nem o Ministério Público estadual, nem o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) se pronunciaram até o momento.

Antecedentes

A ação é um desdobramento da chamada operação 'O Poderoso Chefão', realizada em 25 de outubro – mesmo dia em que o MP deflagrou outras duas operações (Mercúrio e Torre de Babel).

Inicialmente, a operação 'O Poderoso Chefão' investigava suspeitas de irregularidades na contratação da Cooperativa dos Transportadores de Passageiros e Cargas de Uberlândia (Coopass). De acordo com o promotor Daniel Marotta Martinez, só em 2016, foram desviados ao menos R$ 7 milhões dos cofres municipais por meio do contrato com a cooperativa.

Na mesma ocasião, o promotor afirmou que os investigados integravam uma “organização criminosa” que dominou o serviço público de transporte entre 2007 e 2018.

Confira abaixo a relação dos 22 parlamentares detidos:

Alexandre Nogueira (PSD) - (já estava afastado)

Ceará (PSC)

Doca Mastroiano (PL)

Dra. Flavia Carvalho (PDT)

Dra. Jussara (PSB)

Felipe Felps (PSB)

Hélio Ferraz, Baiano (PSDB) - (presidente)

Isac Cruz (Republicanos)

Juliano Modesto (SD) - (já estava afastado)

Marcelo Cunha (sem partido)

Marcio Nobre (PSD)

Pâmela Volp (PP)

Paulo César PC (SD)

Ricardo Santos (PP)

Rodi (PL)

Roger Dantas (Patriota)

Ronaldo Alves (PSC)

Silésio Miranda (PT)

Vico (Sem Partido)

Vilmar Resende (PSB)

Wender Marques (PSB)

Wilson Pinheiro (PP) - (já estava afastado, em prisão domiciliar e com uso de tornozeleira eletrônica)

(Com Agência Brasil)*

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