Xô, recessão: após amargar queda de 30% nos últimos anos, bares expandem negócios

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
12/10/2018 às 17:33.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:56
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Em meio à notícia de fechamento da churrascaria Fogo de Chão, no começo do mês, pipocam na cidade dezenas de novos empreendimentos gastronômicos, com investimentos vultosos. Entre eles, o Gero, restaurante do hotel Fasano, recém-chegado à capital. O fenômeno chama a atenção. Depois de amargar queda de 30% no faturamento nos últimos quatro anos, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-MG) prevê aumento de 5% na receita do segmento para este ano. 

“O comércio reagiu no começo do ano. Essa alta foi interrompida pela greve dos caminhoneiros e, agora, pelas eleições. Mas estimamos alta de 5% no ano, em média. Muitas casas que fecharam estão reabrindo com novos donos. E outras casas têm aberto unidades em outros lugares, baseados sempre na valorização da gastronomia”, diz o presidente da Abrasel-MG, Ricardo Rodrigues. 

A churrascaria Baby Beef, por exemplo, acaba de inaugurar uma unidade no bairro São Bento, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. A matriz está localizada no Minas Shopping, na região Nordeste da capital. O objetivo é atender aos clientes das classes A e B que, segundo o sócio-proprietário, Yago Cheloni, atravessam a cidade para degustar o churrasco do Baby Beef. Maurício Vieira 

CHOPP DA FÁBRICA – Expansão do negócio quase dobrou perspectiva de faturamento

E a aposta deu certo. Conforme o empresário, com pouco mais de um mês de casa aberta, a expectativa de faturamento e movimentação já foram superadas. “O valor cobrado no São Bento é um pouco mais alto, mas oferecemos cinco tipos diferentes de cortes de carne”, justifica. Uma butique do churrasco também foi montada no local. Dessa forma, o cliente pode levar o produto do Baby Beef para fazer em casa. 

Mudança no perfil
Ali do lado, no Porcão, a butique de carnes também é novidade. Segundo o presidente do grupo Meet Porcão, Fernando Júnior, o hábito de consumo do brasileiro mudou. Agora, diz Fernando, os consumidores dão mais ênfase aos encontros em casa. “O restaurante é um local para confraternizações, como aniversários. Mas a maioria dos encontros cotidianos são em casa. E queremos entrar nesse nicho de mercado também”, afirma.

Para isso, o Porcão desenvolveu uma linha de churrasco que, atualmente, conta com temperos, especiarias, carnes, pão de alho, cervejas e vinhos, entre outros. No futuro, até churrasqueiras com a marca serão criadas. 

Por enquanto, é possível encontrar os produtos na churrascaria, porém, o empresário adianta que está em negociação com uma grande rede de supermercados para comercializá-los. “Quando o produto vai pro varejo, a nossa marca é mais lembrada. Também vamos vender on-line, inclusive, para outros estados. Queremos acabar com os limites físicos”, afirma Fernando Junior.

Especialista no setor gastronômico – ele já teve nove casas do ramo alimentício – ele explica que é necessário se adaptar ao mercado para continuar em alta. “Ou você oferece um produto de extrema qualidade ou o seu preço tem que ser o melhor. Do contrário, feche as portas”, diz.

Inaugurada há pouco mais de um mês, a nova unidade do Chopp da Fábrica, que ocupou o imóvel onde funcionou o Juscelino, na Pampulha, tem superado o faturamento e a movimentação esperados em 40%. Conforme o proprietário, Bruno Delli Zotti, a casa preenche uma lacuna na região. “As pessoas já conhecem os produtos e o atendimento e não tinha uma casa parecida com a nossa na Pampulha. Tem sido um sucesso”, comemora.

Perto dali, no Paladino, o proprietário, Marcelo Haddad, optou por um giro de 180 graus no foco da casa, conhecida pelos fondues e pelos vinhos. “As pessoas frequentavam mais o Paladino no frio. Agora, abrimos um bar, com ampla carta de cervejas, drinks e tira-gostos”, afirma. Com mais opções no cardápio, o aumento na movimentação em alguns dias foi superior a 100%.Bárbara Dutra

FASANO – Sucesso no Rio de Janeiro, hotel chega na capital mineira com o restaurante Gero

Hotel cinco estrelas chega em meio à baixa taxa de ocupação


A chegada do Fasano em Belo Horizonte, inaugurado na semana passada no coração do polo gastronômico de Lourdes, movimentou o ramo da hotelaria, que vivenciou o encerramento das operações de 23 estabelecimentos desde 2014. Em meio a um setor que amarga redução na taxa de ocupação (TO) e consequente queda nas tarifas, o hotel cobra diárias superiores a R$ 975 e divide com o Ouro Minas, na região Nordeste da cidade, os hóspedes mais badalados em passagem pela capital.

De acordo com a presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH) e ex-secretária de Estado de Turismo de Minas Gerais, Érica Drumond, a inauguração do renomado empreendimento na capital deve ser comemorada pelo setor, que tem taxa de ocupação média de 48% e tarifa média de R$ 170. “Como a diária do Fasano é mais alta, os hotéis devem começar a cobrar um pouco a mais, melhorando o faturamento”, afirma. 

Ela também acredita que o próximo governador, independentemente de quem seja eleito, vá incrementar o turismo de negócios da capital, reabrindo o Minascentro e aumentando os voos internacionais. 

Vale ressaltar que até 2013, antes da Copa, os hotéis chegaram a atingir taxas de ocupação de 85%. Na época, foi permitido que empresários erguessem empreendimentos com coeficiente de construção superior. Ou seja, prédios maiores. Quem já estava instalado na cidade ficou preocupado. Trinta e cinco hotéis aderiram ao projeto, mas só 22 ficaram prontos a tempo. Outros 13 pagaram multas à PBH. 

O temor era o de que, após a Copa, não houvesse demanda para os estabelecimentos. O medo se confirmou e, com o aumento da concorrência, houve uma queda desenfreada da TO e das diárias. “Hoje, os hotéis de luxo cobram preço de econômicos e os econômicos têm tarifa de supereconômicos. Os mais simples tiveram que fechar, porque não conseguiram se manter”, afirma.

Concorrência
Único cinco estrelas da cidade até a chegada do Fasano, o Ouro Minas tem taxa de ocupação de 55%, superior à média da cidade. Isso acontece porque consegue atender a um público mais elitizado. “Recebemos muitos jogadores de futebol e celebridades, por exemplo”, explica o gerente de Vendas Nacional, Alisson Martins. 
Para melhorar a receita, o hotel também oferece dia de noiva, noite de núpcias e serviços complementares para quem se hospeda, como aluguel de carro e passeios pelas cidades históricas.

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