Com troca aberta de acusações, Zema e Anastasia fazem debate inflamado na Band

Lucas Simões
lsimoes@hojeemdia.com.br
18/10/2018 às 22:24.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:19
 (Riva Moreira)

(Riva Moreira)

Com tom elevado, críticas diretas a programas de governo e até ironias, os dois candidatos ao governo de Minas no segundo turno, Antonio Anastasia (PSDB) e Romeu Zema (Novo) estiveram frente a frente no primeiro debate televisivo da reta final do pleito, promovido pela TV Bandeirantes, nesta quinta-feira (18).

Logo no início, Anastasia questionou a atuação da empresa Grana Fácil, de Zema, acusando o adversário de “pegar empréstimos obtidos junto ao BNDES E BDMG a juros de 6% a 10% (ao ano), enquanto seu grupo econômico empresta ao consumidor a juros de 280% ao ano”. Zema respondeu o senador tucano, alegando que  “a nossa empresa que empresta dinheiro não tem vínculo nenhum com nossa empresa comercial”, sendo, portando, “empresas distintas”. 

No segundo bloco, os dois candidatos responderam a perguntas de jornalistas e voltaram a trocar farpas. Após Anastasia afirmar que, se vencer a disputa eleitoral, irá promover o enxugamento da máquina pública, com cortes de secretarias, redução de cargos políticos e até possíveis fusões de órgãos e entidades, Zema o rebateu. “No último mandato dele (à frente do governo de Minas), que teve início em 2011, ele criou secretarias, criou vários cargos, e nosso cabide de empregos mais uma vez aumentou”, criticou o candidato do Novo.

Na sequência, Zema prometeu, caso seja eleito, criar 150 mil novos postos de trabalho no primeiro ano de gestão. Em seguida, Anastasia cutucou o empresário. “A nossa gestão passada criou 500 mil empregos. Não empregos pagando R$ 300 para empregadas domésticas, como meu adversário falou em entrevista”.

O candidato do Novo questionou a afirmação ao dizer que “a campanha do Anastasia tem distorcido as coisas”. No fim do bloco, Zema foi questionado sobre seu projeto de privatização da saúde, presente em seu plano de governo. “O SUS é importantíssimo para atender a população, mas sabemos que ele deixa muito a desejar, o que quero no meu governo é que a iniciativa privada complemente esse tipo de programa”, disse Zema. “Poderia estar aqui falando que todo mundo vai ter um hospital a um metro de casa, mas não é assim real”, completou o candidato do Novo.

Anastasia aproveitou a brecha para alfinetar o empresário. “A proposta de nosso concorrente é despropositada. Ele é contrário ao SUS, ele quer privatizar parte da saúde. Nós queremos investir em saúde, concluir hospitais e fortalecer a saúde pública”, rebateu o senador tucano.

O candidato do Partido Novo devolveu a provocação ao senador tucano, ao acusá-lo de promover fake news durante o segundo turno. Anastasia, em resposta, voltou a atacar Zema e afirmou que “não há fake news, o que há, é da parte do senhor, a tentativa de nos reunir a algumas pessoas que não são da nossa relação”, disse Anastasia.

Constrangimento

O início do terceiro bloco foi marcado por polêmica e constrangimento. Ao ser questionado por Zema sobre uma obra inacabada da Fundação Ezequiel Dias (Funed-MG) durante sua gestão, ao custo de R$ 80 milhões, Anastasia ironizou uma entrevista recente de Zema sobre a Funed. “De ontem para hoje o candidato estudou bem a Funed. Por que ele foi perguntado em entrevista à Globo o que é a Funed e não soube responder?”, provocou o tucano. Anastasia também criticou o plano de governo de Zema, no que tange à privatização de empresas estatais, a exemplo da Cemig e Copasa.

Ao responder, Zema voltou atrás em suas propostas, dizendo que não pretende privatizar estatais de imediato, caso assuma o governo — anteriormente, o candidato do Novo tinha sugerido, por exemplo, repartir a Cemig em até seis partes.

“O que queremos é que (as empresas estatais) sejam profissionalizadas, melhorem o serviço e, quem sabe, mais adiante, o Estado possa privatizar e receber um valor justo”. Sem trégua, Anastasia criticou a mudança de opinião do adversário. “O candidato Zema tem um programa errante. É muito difícil precisar a sua verdadeira posição. Entregar Minas Gerais, na situação que está, para alguém que em cada momento tem uma opinião… Há uma evolução nele, mas meu medo é sua intranquilidade”, disse Anastasia.

No final do bloco, o senador tucano aproveitou para rebater mais uma vez o candidato do Novo, após Zema afirmar que irá abrir mão do salário de governador, junto com o secretariado, enquanto o pagamento da folha de servidores públicos, hoje parcelado, não for regularizado. “O senhor disse que os secretários também não vão receber. Eu, sinceramente, não sei do que eles vão viver”, provocou o tucano.

O penúltimo bloco foi marcado por embates na área da saúde. Zema voltou a defender a privatização de parte do sistema público de saúde, incluindo o repasse à iniciativa privada de hospitais regionais administrados pelo Estado. “Diante da situação financeira do Estado, não há condições dos mesmos (hospitais regionais) serem concluídos ou operados. Nosso proposta é de parceria com organizações sociais e filantrópicas que poderiam concluir e operar algum desses hospitais, disponibilizando para o SUS 40% dos leitos. E os demais, usariam de forma que julgassem mais adequada”, disse Zema.

Anastasia voltou a criticar o projeto do adversário, ao dizer que sua proposta “não procede” na prática. “De fato, ele (Zema) tem razão, não temos recursos. Mas, não podemos passar os hospitais, muitos dos quais estão em fase final de construção, para a iniciativa privada. São hospitais públicos”, defendeu Anastasia.

Ataque até o fim

No quinto e último bloco do debate, Anastasia e Zema fizeram suas considerações finais em dois minutos e, na última chance de falar diretamente ao eleitorado, não deram trégua às acusações. O tucano afirmou a necessidade de comparar “biografias e propostas”, atacando as ideias de privatização de Zema. “Na área da segurança, está previsto no programa dele, na área rural, que empresas de segurança privada devem assumir a função da Polícia Militar. Eu discordo. E digo com muita ênfase: Minas Gerais não está à venda”, atacou Anastasia.

O candidato do Partido Novo preferiu não rebater diretamente às acusações e afirmou que acredita no “trabalho sério” em uma eventual gestão à frente do governo do Estado.

O próximo debate televisivo entre os candidatos ao governo de Minas será realizado neste sábado (20), na TV Record, a partir de 13h20.

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