Zema e Anastasia travarão batalha para mostrar ao eleitor quem é melhor gestor

Lucas Borges e Rafaela Matias
primeiroplano@hojeemdia.com.br
08/10/2018 às 22:36.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:52
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Eleitos para disputar o segundo turno da corrida pelo governo de Minas, o empresário Romeu Zema (Novo) e o senador Antonio Anastasia (PSDB) vão trocar a tradicional estratégia de ataque ao adversário pelo discurso da experiência. Os candidatos traçam, desde ontem, os planos para conquistar eleitores. O desafio de cada um é se apresentar como o mais capacitado e com a melhor proposta para fazer com que Minas supere a grave crise fiscal, com orçamento deficitário em R$ 5,6 bilhões para o ano que vem. 

Zema pretende mostrar uma equipe especialista em economia. Trará para a campanha Gustavo Franco, economista que acompanhou João Amoêdo – candidato derrotado do mesmo partido dele, o Novo, à Presidência da República. 

Anastasia irá se colocar como o mais experiente e preparado, já tendo exercido o cargo de governador de 2011 a 2014. 

“Vamos mostrar que o Anastasia é o candidato mais preparado para solucionar a situação de calamidade. Acreditamos que o eleitor opte por votar com a razão, diferentemente do primeiro turno, quando a emoção antipetista foi dominante”, afirma Domingos Sávio, presidente do PSDB em Minas Gerais. 

Anastasia foi procurado pela reportagem ontem, mas informou que não poderia se pronunciar devido a uma reunião com a equipe para acertar detalhes da estratégia de campanha para o segundo turno.

Logo após a confirmação do segundo turno, Anastasia disse que o novo round seria de comparação de propostas, uma deixa do que será a estratégia. “Nós vamos ver o que cada um tem por experiência, por conhecimento técnico e o que cada qual já fez por Minas ao longo da sua trajetória. E, mais uma vez, os mineiros, com total autonomia e soberania, decidirão o destino de nosso Estado”, afirmou, no domingo.

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Já Zema apostará as fichas nas ideias de Gustavo Franco, que desembarca em Minas nos próximos dias. Franco é ex-ministro do Banco Central na Era FHC, e um dos responsáveis pelo Plano Real. Ex-tucano, abandonou o PSDB no ano passado e se filiou ao Novo. 

A meta é tentar convencer o mineiro de que o candidato do Novo está cercado por uma equipe reconhecida — enfraquecendo a narrativa adversária, que poderia associá-lo a um gestor inexperiente por nunca ter exercido cargo público.

“Gestão é gestão em qualquer lugar, pública ou privada, não tem diferença. E isso eu sei fazer bem. O Gustavo vinha colaborando com o Amoêdo e agora vai estar mais presente na campanha em Minas. É um economista de peso”, disse o candidato do Novo.

Outra estratégia de Zema é centrar esforços nas redes sociais, como fez no primeiro turno – ao todo, ele investiu R$ 292 mil apenas em conteúdos patrocinados nas redes para aumentar o alcance de eleitores, já que tinha apenas seis segundos no horário eleitoral gratuito. 

“Teremos dez minutos no horário de televisão, mas vimos que o Alckmin perdeu com o maior tempo de TV. Vou fazer um programa, claro, porque precisamos disso. Mas não vou contratar um marqueteiro, a equipe vai ser a mesma, e nosso foco será a internet”, disse Zema.

O candidato do Novo afirma que não pretende atacar Anastasia, “mas mostrar ao eleitor que os mineiros precisam de algo novo, porque o velho já teve sua chance”. 

 
Candidatos ainda patinam sobre possível apoio a Bolsonaro

Embora nenhum dos dois candidatos ao governo de Minas tenha declarado apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), Romeu Zema (Novo) e Antonio Anastasia (PSDB) não descartam possíveis alianças com o capitão da reserva. 

Do lado tucano, Anastasia pode ser pressionado pelos aliados a aceitar o apoio do ex-militar. Um dos principais nomes da coligação, Rodrigo Pacheco (DEM), que desistiu da corrida ao Palácio da Liberdade para concorrer ao Senado pela chapa, e saiu vitorioso, declarou apoio a Bolsonaro minutos após ser eleito, no último domingo.

“Sou presidente do Democratas em Minas e vamos conversar com o partido, mas não vejo razoabilidade de apoio ao PT. Seria natural apoiarmos o Bolsonaro”, afirmou Pacheco durante pronunciamento. 

Domingos Sávio, presidente do PSDB em Minas, também afirmou que será necessária uma reunião com a comitiva nacional para definir o direcionamento do partido, mas concorda que seria incoerente apoiar o candidato Fernando Haddad (PT). 

“Não quero me antecipar para não alimentar uma divisão da nossa legenda, mas, pessoalmente, tenho enorme dificuldade de considerar um apoio ao PT. Não me agrada a maneira como eles são subordinados ao Lula e colocam os seus interesses acima dos interesses do país”, disse. 

Já o candidato do Novo, Romeu Zema, diz que ainda irá esperar um posicionamento do Diretório Nacional do partido, em São Paulo, para definir apoios e alianças no segundo turno. A expectativa é que João Amôedo (Novo) se reúna hoje com lideranças do partido para bater o martelo. 

Apesar de ainda aguardar a orientação partidária, Zema admite “semelhanças” entre o PSL de Bolsonaro e as propostas do Partido Novo. “Ele (Bolsonaro) quer mais mercado e menos intervencionismo, então, sim, existem semelhanças”, diz Zema. “Vejo que o resultado da eleição representa que o eleitor do Brasil todo quer mudança”. 

 Na avaliação de especialistas, momento 
é de apresentar as propostas de governo

Após um primeiro turno combativo, focado na gestão do atual governo e nos supostos erros que levaram ao déficit orçamentário, a segunda etapa da campanha eleitoral em Minas deve se voltar para as soluções para os problemas apresentados. 

Para André Lacerda, presidente do Sindicato das Agências de Propaganda de Minas Gerais, os dois candidatos deverão trazer propostas mais concretas, se quiserem convencer o eleitor de que é possível colocar em prática o que estão prometendo.

“Até agora, o eleitor votou de forma impulsiva, principalmente sob a perspectiva do novo e do rompimento com a política tradicional. Agora, deve ficar mais atento à capacidade dos candidatos de fazer o que estão prometendo”, afirma Lacerda. 

Segundo ele, Romeu Zema deverá se preparar para a exposição mais intensa na televisão e no rádio. “A campanha estava mais no âmbito das redes sociais, mas nesta fase haverá tempo nos veículos de massa e ele precisará da ajuda de profissionais de marketing para se apresentar de forma efetiva ao eleitor”, explica. 

Já Anastasia deve focar na própria experiência como gestor público e tentar desassociar o trabalho da desgastada imagem do partido. </CW>
“O histórico do PSDB enfraqueceu a campanha na primeira fase, mas é possível que agora a experiência e a segurança de um terreno conhecido pesem positivamente aos olhos do eleitor”, acredita. 

Calendário eleitoral
Além das estratégias, os candidatos se preparam para cumprir o calendário eleitoral. 
A retomada das propagandas e divulgações estão permitidas desde as 17 horas de ontem. 
Na próxima sexta-feira, começa a propagando eleitoral na televisão e no rádio, que vai até o dia 26 de outubro.{HEADLINE}


 

  

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