Processo contra Dilma foi tão ágil quanto o de Collor

Janaína Oliveira
joliveira@hojeemdia.com.br
17/04/2016 às 07:40.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:59

Vinte e quatro anos depois, o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff carrega pouca similaridade com aquele que tirou o ex-presidente Fernando Collor do poder. Uma das semelhanças é com relação à agilidade na tramitação. 

Naquela época, foram 29 dias entre a apresentação do pedido de impedimento feito pelo presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Barbosa Lima Sobrinho, e da OAB, Marcelo Lavenère, e a votação na Câmara que selou a abertura do processo. 

Sob a batuta do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o rito do procedimento contra Dilma também foi veloz. Da instalação da comissão oficial até o dia da votação em plenário passaram-se exatamente um mês. Enquanto a tramitação é relâmpago, processo contra Cunha no Conselho de Ética se arrasta há cinco meses. 

Outro ponto similar é a impopularidade. Dilma, no entanto, tem o respaldo de parcela da população, artistas, intelectuais e políticos. Além do PT, a presidente ainda conta com o apoio do PDT, PCdoB e parte do PMDB. 

“Com a segunda maior bancada na Câmara, o PT é bem diferente do PRN nanico do Collor. Dilma tem uma base social e certo grau de resistência da sociedade, o que não existia em relação a Collor”, diz o cientista político e professor da UFJF, Paulo Roberto Figueira Leal. 

Segundo o professor, a essa altura, naquela época, restava pouca dúvida com relação ao resultado. E não havia uma divisão no país. “Hoje, seja qual for o resultado, o Brasil sairá polarizado”, afirma.

O coordenador do curso de Relações Institucionais do Ibmec no DF, professor Márcio Coimbra, lembra que às vésperas da votação do impeachment Collor contava com 82 votos. No final das contas, só 38 deputados votaram para a permanência dele. 

“Tido como da tropa de choque de Collor, até o deputado Onaireves Moura, que havia até oferecido um churrasco pró-Collor, acabou votando pelo impedimento. E dos 38 deputados que ficaram do lado do ex-presidente, 36 não conseguiram se reeleger depois”, conta. 

Hoje, a pecha de “traidor” é atribuída justamente ao vice-presidente Michel Temer. 

Leia mais

Domingo decisivo
Um país dividido nas ruas
 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por