Vereadores de Belo Horizonte eleitos para a Legislatura que começou ontem encontrarão a Casa em reforma que deveria ter sido concluída em outubro, mas que não tem prazo para ficar pronta.
Passam por uma ampla repaginação o plenário principal, palco das grandes discussões sobre a cidade, e o restaurante. Tudo para garantir o conforto dos parlamentares.
Iniciadas em meados de julho, as reformas deveriam ter sido entregues em outubro, segundo o presidente eleito da Casa, Henrique Braga (PSDB). O prazo foi adiado para o início de novembro e depois, novamente, estendido para o final daquele mês. As alterações na Casa custaram R$ 950 mil e incluem até bancadas em mármore.

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“Era para ter ficado pronto em 22 de outubro. Depois, passou para 2 de novembro e 20 de novembro. Como foi um convênio feito pela administração passada, não tenho muitos detalhes”, afirmou Braga.
Segundo uma fonte que não quis se identificar, o atraso é reflexo de uma mudança nos acabamentos que seriam utilizados. Teria havido uma substituição por peças mais caras, fazendo com que o orçamento fosse refeito. A Câmara não confirma. A empresa responsável pela obra, Sinarco, não retornou as ligações.
Luxo
As intervenções chamam a atenção. No plenário, o local onde fica posicionada a Mesa Diretora está mais alto e foi todo revestido de mármore. Já instalada, a pedra, nova, estava lascada em vários pontos.
Alguns painéis de madeira esculpidos artesanalmente também serão aplicados no local e estão sendo confeccionados. No restaurante, o requinte também é a palavra de ordem. Elementos modernos, como os tijolos vazados de porcelana e bancadas de granito dão o tom da decoração.

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Crítica
Na avaliação do vereador Gabriel Azevedo (PHS), a reforma anda na contramão da mensagem que a classe política deve passar à população. “O Brasil está em crise. Achei que colocaram mármore em excesso, ficou uma coisa opressora. Quem está em baixo terá dificuldades para falar com o presidente da Mesa, que ficará no alto. E se você perceber, não alteraram a parte destinada à população. As cadeiras de plástico continuam as mesmas”, critica.
Trocas de gabinetes
Hoje em Dia esteve no local e não encontrou operários trabalhando. Em contrapartida, os funcionários da Casa estão a todo vapor para fazer as mudanças e instalações dos gabinetes dos vereadores.
Dos 41 parlamentares, 23 são novatos. Após a saída dos que não se reelegeram, coube aos mais antigos escolher quais salas iriam ocupar. No começo de dezembro, conforme afirma Henrique Braga, a Câmara enviou aos novatos uma comunicação, chamando-os para ir ao local decidir pelos demais gabinetes. Ao contrário dos anos anteriores, quando a decisão era por sorteio, quem chegou primeiro escolheu o que mais gostou.
Apesar do recesso da Casa, que vai até fevereiro, muitos parlamentares compareceram à Câmara para alojar as equipes e tirar dúvidas com o presidente. Muitos recorreram a Braga para informações sobre a montagem das comissões. O presidente explicou que a Mesa Diretora tem até 31 de janeiro para apresentar as comissões.
Magalhães
Afastado do cargo por suspeita de fraudes em licitações, o vereador reeleito Wellington Magalhães (PTN) esteve na Câmara ontem para tomar posse. “Ele me parabenizou por ter ganhado a eleição para a presidência e só. Foi tudo muito rápido”, afirmou Braga.
Magalhães, que presidiu a Câmara durante a contratação da reforma, não foi encontrado ontem.