Renault Captur turbo evolui sob o capô, mas precisa melhorar por dentro

Marcelo Jabulas
@mjabulas
24/09/2021 às 10:10.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:56
 (Marcelo Jabulas)

(Marcelo Jabulas)

Em julho, a Renault lançou a linha 2022 do Captur. A principal novidade do SUV francês foi a adoção do novo motor turbo 1.3. A unidade deu ao modelo nova vida, com muita oferta de potência, torque e consumo equilibrado. 

O carro ficou muito mais dinâmico e gostoso de guiar. Não é tão fraco quanto o 1.6 e nem tão amarrado e beberrão quanto era o 2.0, devido à arcaica transmissão automática de quatro marchas.

Era o recurso que o modelo precisava para definitivamente deixar de ser um Duster de butique. Isso porque, estruturalmente os carros são quase siameses, além de compartilhar os mesmos motores e equipamentos. Mas agora, o Captur se desvinculou do irmão de origem romena.

Junto do novo motor, a Renault também resolveu dar uma guaribada no interior do SUV. Apesar de o painel ter a mesma arquitetura, foram adicionados novos apliques de acabamento, assim como novos revestimentos em couro, que deixaram o francês mais refinado.

A razão do refinamento é posicionar o Captur na linha divisória entre o SUV compacto e o médio. Trata-se da mesma manobra que a Hyundai adotou com o novo Creta. Mas o banho de loja do francês ainda está bem aquém do ideal.

Plásticos duros ainda imperam por todos os cantos. Os revestimentos em couro das portas se concentram apenas na primeira fileira e ainda há rebarbas e peças desalinhadas. São percepções que o consumidor nota ao primeiro olhar. Outro senão é a ausência de assistentes de condução, que se tornaram populares nos SUVs.

Raio-x Renault Captur Iconic TCe 1.3

O que é?
Utilitário-esportivo (SUV) compacto de cinco lugares.

Onde é feito?
Produzido na unidade São José dos Pinhais (PR).

Quanto custa?
Preço base: R$ 138.490
Testado: R$ 141.690

Com quem concorre?
O Captur se posiciona no concorrido segmento de SUVs compactos. Seus concorrentes são Chery Tiggo 5x, Chevrolet Tracker, Citroën C4 Cactus, Honda HR-V, Hyundai Creta, Jeep Renegade, Nissan Kicks, Peugeot 2008, Volkswagen T-Cross. Mas ele também flerta com os médios como Compass, Corolla Cross e Taos, em suas versões de entrada.

No dia a dia
No uso cotidiano o carro ficou mais agradável de guiar e na estrada a evolução é absurda. A posição de dirigir é boa e oferece ótima visão, o que não torna a condução estressante. O espaço interno abriga quatro adultos com bastante conforto. Um quinto ocupante, no assento do meio, vai apertado. O bagageiro manteve os 437 litros.

Por dentro, ele passou por leves ajustes. O acabamento em couro marrom, que se repete no console central e nos encostos de braço das portas causam boa impressão. O painel também ganhou novos apliques. Tudo para deixar o Captur mais refinado. No entanto, ainda há um excesso de plásticos duros, o que depõe quando ele é colocado ao lado dos médios.

Em termos de conteúdos, ele continua com quadro de instrumentos com mostradores analógicos e uma telinha digital para o velocímetro. A leitura é boa, mas está longe do brilho dos clusters modernos. O multimídia evoluiu e conta com conexões Android Auto, Apple CarPlay e Bluetooth. Mas a novidade fica por conta das quatro câmeras. Ela não tem efeito 360 graus, mas é uma mão na roda na hora da manobra, pois evita pequenos esbarrões assim como topar com uma pedra ou buraco num passeio no campo. O ar-condicionado é eletrônico, mas não é digital. 

Ele ainda conta com sensores de chuva, acendimento dos faróis e ré, assim como chave presencial (com destrava por proximidade e partida remota), retrovisores elétricos com rebatimento, monitor de ponto cego e monitoramento dos pneus. O Captur peca mesmo é na ausência de assistentes, como permanência em faixa, controle de cruzeiro adaptativo (ACC), alertas de tráfego cruzado em ré e colisão, assim como frenagem autônoma.

Motor e transmissão
O motor TCe 1.3 turbo de 170 cv e 27 kgfm de torque é a grande novidade do SUV. A unidade trouxe o vigor que faltava no 1.6 e a eficiência que nunca existiu no 2.0. Ele entrega todo torque muito rápido. A Unidade é combinada com a caixa X-Tronic CVT (da Nissan), que tem funcionamento semelhante a uma automática convencional.

Como bebe?
Abastecido com álcool, registrou média de 7,5 km/l no combinado entre trajeto urbano e rodoviário.

Suspensão e freios
A suspensão utiliza conjunto McPherson na frente e eixo rígido atrás. Com acerto firme, ele não oscila nas curvas, mas o conforto de quem viaja atrás é prejudicado. Os freios contam com discos ventilados no eixo dianteiro e tambores no traseiro.

Palavra final
O Captur evoluiu com a chegada do novo motor. Passou por um leve ajuste de conteúdos e acabamento. São melhorias que o colocam no alto da prateleira dos compactos. Mas ainda não o qualificam para disputar mercado com os médios de entrada. Tem que melhorar mais.

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