Sangue derramado sobre a América Latina

Do Hoje em Dia
17/12/2012 às 06:12.
Atualizado em 21/11/2021 às 19:39

Não há dados oficiais sobre o número de assassinatos em Minas. A estatística divulgada pela Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS) é incompleta. Ela se baseia no número de ocorrências feitas pelas polícias Militar e Civil, as quais não registram o número de mortos. Na estatística, uma ocorrência vale como um assassinato, mesmo se ela se referir à chacina de várias pessoas. É uma estratégia para minimizar uma questão embaraçosa para nossas autoridades. Mas é um erro, que a secretaria promete corrigir no ano que vem.

Se o fizer, estará contribuindo para o que deseja o vencedor do prêmio Ortega e Gasset, Moises Naim. Em sua última coluna semanal deste ano, publicada pelo espanhol “El País” e republicada por mais de 40 jornais importantes do mundo, entre eles os principais da América Latina, Naim afirma que não existe outra prioridade mais urgente em 2013 do que acabar com a convivência pacífica com o homicídio.

Os números que ele divulga são aterrorizadores, embora certamente incompletos, a julgar pelo que ocorre em Minas. Afirma Naim que neste ano houve 3.238 perdas de vidas na guerra no Afeganistão, enquanto só no Brasil foram assassinadas 41 mil pessoas em 2011 – ou 112 pessoas por dia. Ele não tem dados deste ano. Em geral, as estatísticas demoram a vir a público. A última da SEDS, divulgada em novembro, se refere a dados do mês de setembro. Afirma que naquele mês foram registradas 312 ocorrências de homicídios (10,4 por dia em média) – mas silencia sobre o número de assassinatos.

Sem mostrar a dimensão correta do problema, será difícil envolver na luta por sua solução, como quer Naim, “a igreja, os sindicatos, os meios de comunicação e os empresários, os jovens, as universidades – enfim, o leque mais amplo possível de grupos e setores institucionais”.

Entre as causas apontadas para a violência homicida que castiga hoje a América Latina mais que a outros continentes, estão o consumo e o tráfico de drogas, a pobreza, a desigualdade. E até a democracia, sob a alegação de que governos autoritários podem reprimir mais impunemente os criminosos. Mas tudo isso existe em outros continentes onde o número de assassinatos está estável ou caindo, enquanto cresce rapidamente aqui.

É preciso dimensionar bem o problema e, também, entender quais os demais fatores que influem sobre a criminalidade. Sem esquecer que drogas, pobreza, desigualdade ou fraqueza do governo são fatores importantes.

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