90 pedidos para fiscalizar áreas com risco de dengue registrados por mês em BH

Marina Proton
mproton@hojeemdia.com.br
03/11/2021 às 07:54.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:10
 (Maurício Vieira/ Hoje em Dia)

(Maurício Vieira/ Hoje em Dia)

Quase 90 pedidos para vistorias em locais com possíveis focos do Aedes aegypti, transmissor da dengue, são feitos por mês em Belo Horizonte. São imóveis, lotes vagos, bota-fora ou mesmo ruas e avenidas com lixo que podem favorecer a proliferação do mosquito. A menos de dois meses do verão, o alerta se torna ainda mais urgente para barrar surtos da doença. 

Os dias quentes e principalmente a chuvarada das últimas semanas com previsão de mais precipitações reforçam o temor contra a enfermidade, que já 871 pessoas doentes este ano. A capital ainda investiga 330 notificações. 

Os dados ainda sugerem uma baixa transmissão, mas que pode se intensificar. “Sabemos que, com esse período de chuvas e temperaturas elevadas, os ovos que foram colocados no período da seca e que tiverem um novo contato com água, poderão retornar ao ciclo. E, dentro de dez dias, temos o mosquito adulto que pode transmitir a doença”, afirmou o subsecretário de Vigilância e Promoção à Saúde da PBH, Fabiano Pimenta. 

Dentre os locais que merecem mais atenção, o subsecretário destaca as regiões Nordeste e Noroeste, que concentram as notificações. O alerta, no entanto, vale para todas as regionais, principalmente após a divulgação, há duas semanas, do balanço de focos identificados na metrópole por meio do sobrevoo de drones. 

As aeronaves localizaram quase 8 mil possíveis criadouros do mosquito em apenas 106 sobrevoos, desde o fim de 2020. Em 80% dos casos, o risco está no próprio ambiente domiciliar. “Esse é o momento da gente redobrar a atenção para que a população de Aedes na cidade se mantenha em níveis baixos e não tenhamos surpresas desagradáveis no verão”.

Apesar da concentração nas residências, a falta de educação de muitas pessoas cria armadilhas na via pública. Nos últimos dias, o Hoje em Dia flagrou pontos de despejo irregular de lixo na rua Antônio Batista Júnior perto do Anel Rodoviário , no bairro Alto dos Pinheiros, e na avenida Nossa Senhora de Fátima, no Prado. Pneus, garrafas, caixas de remédio e até vasos sanitários dividem espaço com carros e pedestres.
Por nota, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) informou que investiga de quem é a “responsabilidade” da primeira área citada, mas que faz a limpeza sob demanda.

Em relação à avenida, disse que a região é atendida por coleta três vezes na semana, mas que parte da população descarta o lixo, com frequência, de forma irregular. Segundo a SLU, equipes de limpeza vão ao local até seis vezes por semana. 

Um novo surto da dengue poderá ocorrer em 2022. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia e professor do Departamento de Microbiologia da UFMG, Flávio Guimarães da Fonseca, os ciclos epidêmicos da doença acontecem, em média, a cada três anos e, nos últimos dois, os registros foram menores. 

Palavra do especialista

“Não dá para cravar que isso vai acontecer, mas a gente já está dentro desse período de padrão de alteração de surtos. Então, isso faz com que a gente tenha que ter uma atenção redobrada esse ano e, se não acontecer, no ano seguinte, porque certamente a gente já está próximo de um novo ciclo”, avaliou.

O virologista ainda explicou o motivo do fenômeno. “A cada vez que a gente tem um surto mais importante da doença, muitas pessoas se infectam e ficam imunologicamente resistentes a uma nova infecção. Com isso, no ano seguinte, menos pessoas são susceptíveis a contaminação. Depois disso pode haver uma alteração no sorotipo que causou um número maior de infecções, chamado de substituição. Isso acontece muito com a dengue e é por isso que a gente tem esses ciclos epidêmicos que variam de surto para surto”, finalizou.

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