Mudanças simples, como na alimentação, podem aliviar o estrago (Wayhom estudio/Freepik)
Quatro em cada dez brasileiros têm bruxismo. Quase sempre associado ao estresse, o hábito de ranger ou pressionar os dentes de forma involuntária cresceu ainda mais durante a pandemia. Não há cura e até mesmo crianças serão afetadas inevitavelmente. Mas nada de desespero! Mudanças simples, como na alimentação, podem aliviar o estrago.
A primeira medida é descobrir a origem do problema. Crises de ansiedade e pressões no trabalho ou familiares podem desenvolver o bruxismo, agravado pelo consumo de determinados tipos de alimentos duros e resistentes. Já um estudo recente publicado pela Associação Dental Americana associou o agravamento do problema ao cigarro, álcool e café.
“Ranger os dentes tende a ser uma válvula de escape para momentos de frustração”, diz o cirurgião-dentista fundador da Odonto Company, Paulo Zahr. Segundo ele, a incidência é maior entre mulheres, devido ao ápice hormonal, principalmente entre 20 e 40 anos.
Além de observar essa “desordem bucal”, é preciso ficar atento a outros sinais, como destaca o especialista em Prótese Dentária, Ortopedia Funcional dos Maxilares, Ortodontia, Harmonização Orofacial e especializando em Saúde Pública pela Escola de Saúde Pública de Minas Gerais, ESPMG, Mestre Eliano da Fonseca Reis, professor do curso de Odontologia das Faculdades Promove em Belo Horizonte. Ele diz que os principais sintomas são dores de cabeça, na mandíbula ou tensão na região das têmporas (região lateral do crânio).
Os incômodos levaram a professora Carolina Santana a procurar o professor Eliano para uma consulta e precisou recorrer a uma placa miorrelaxante para tratar o distúrbio. “Devolveu minha paz e o sono. Depois que coloquei no primeiro dia já acordei melhor”.
Mesma alternativa do estudante Rodrigo Cheiricatti, 23 anos. Desde pequeno que acordava com dores de cabeça intensas e percebia que os dentes quebravam ou trincavam facilmente; acredita também que o estresse causado pela rotina corrida tenha causado a condição.
Além da placa, ele foi atrás de outras opções para amenizar o quadro. “Procuro encontrar atividades que me proporcionam um relaxamento muscular.”
Qualidade de vida
Fisioterapia, acupuntura, meditação e terapia ajudam no processo. Exercícios físicos também, pois controlam os níveis de estresse.
Outra dica é mudar a alimentação, evitando o excesso de refrigerante e até frutas cítricas. Segundo Eliano Reis, como são ácidos, esses alimentos aju dam no processo de erosão dentária, o que pode agravar a condição.
Outras opções do cardápio contribuem para diminuir ou equilibrar os resíduos ácidos no organismo. Vegetais frescos, como alface, alho, couve-flor, pepino, cenoura, espinafre, brócolis e batata, ajudam na manutenção e prevenção de desordens dentárias.
* Coordenador do curso de Odontologia das Faculdadades Promove