
Em temporada de férias, colocar o cartão de vacina em dia antes de viajar é item tão indispensável quanto definir roteiro, comprar passagens ou arrumar malas. Dentro e fora do Brasil, doenças que circulam em algumas regiões são ameaças ao turista desprevenido, que poderá ver os planos de um passeio frustrados pelo descuido.
Atualmente, a febre amarela é a enfermidade que representa maior risco aos estrangeiros. Por precaução, dezenas de países exigem o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP) – um comprovante de que a pessoa está protegida contra o vírus transmissor. Em alguns locais, o desembarque sequer é permitido sem a imunização.
Quem já tomou as duas doses, seja na infância ou vida adulta, está fora de perigo, afirma Marilene Lucinda, responsável pelo serviço de Medicina do Viajante do Hermes Pardini. Os desprotegidos, por outro lado, precisam se apressar. “A vacina deve ser tomada com antecedência de 15 a 30 dias, para que o sistema imunológico tenha tempo suficiente para produzir os anticorpos”, explica.
Para os mais prudentes, ela sugere uma pesquisa sobre o destino escolhido. Dessa forma, o turista poderá saber, previamente, se há alguma doença circulando, surtos ou epidemias no local.
No momento, o alerta é para as nações localizadas na Ásia e África. Além da imunização contra febre amarela, já obrigatória em alguns lugares, Marilene também recomenda a proteção contra hepatite A, febre tifoide, meningite, coqueluche e sarampo aos que pretendem conhecer os dois continentes nas próximas semanas.
Embora o cuidado com a saúde esteja fora da lista de prioridade da maioria dos viajantes, a empresária Jussara Maria Galvão foge à regra. Em janeiro, ela passeará pela Europa com o marido, a filha, cunhados e sobrinhos. Tão logo o roteiro de viagem foi definido, correu atrás de informações, junto à Secretaria de Saúde, sobre as vacinas indispensáveis nos países por onde passará. “Meu marido já estava protegido, mas eu e minha filha Letícia, de 10 anos, tivemos que tomar a segunda dose de imunização contra febre amarela porque é exigido em Malta”.
Pode até ser que, ao desembarcar, o CIVP não seja cobrado de nenhum passageiro. No entanto, Jussara preferiu não correr o risco de perder o passeio ou contrair a doença.
No Brasil
O perigo também ronda turistas que colocam o pé na estrada rumo ao Nordeste do país. Recentemente, houve um significativo aumento de casos de coqueluche e um surto de sarampo, pegando muita gente de surpresa. “A vacina não é exigida, mas a pessoa pode aproveitar a viagem com mais tanquilidade se estiver protegida”, diz Marilene.
Essa última doença, aliás, só voltou a aparecer com mais força no Brasil por causa da negligência de alguns turistas. “Viajavam para o exterior, a contraíam e a retransmitiam quando já estavam aqui”, explica.
Exames gerais também são recomendados
Uma viagem exige outros cuidados com a saúde que vão além de vacinas. O alerta é de Ariovaldo Ribeiro Mendonça, coordenador do núcleo de check-up do Hermes Pardini. “Quem passa mal durante uma viagem internacional pode encontrar dificuldade para ser atendido em um hospital e, provavelmente, pagará caro pelo serviço. O perigo é ainda maior para o turista que ficar hospedado em um hotel distante, onde não há sequer um médico caso tenha alguma emergências”, afirma.
Encarar uma bateria de exames antes do passeio pode evitar transtornos. A recomendação vale para todas as pessoas, mas é ainda mais importante para os idosos, hipertensos, obesos e diabéticos, que estão mais sujeitos a problemas de saúde.
Na instituição onde Ariovaldo Ribeiro trabalha, é indicada ao paciente uma consulta com profissionais de sete áreas: cardiologia, clínica médica, ginecologia, mastologia ou urologia, oftalmologia, nutricionista e fonoaudiologia. “Em cinco horas, fazemos até 60 procedimentos para garantir que ele tenha plena condição de viajar sem problemas. O resultado sai em poucos dias”.
Quem não quiser passar por tantos exames pode fazer uma consulta personalizada, montada conforme o questionário preenchido e as demandas do paciente.
Medicamentos
As pessoas que fazem uso frequente de remédios também devem redobrar a atenção. “Eu sempre recomendo que não levem apenas a quantidade exata da droga. É bom carregar um estoque quando estamos longe de casa”, diz. De preferência, o medicamento deve ser transportado na própria embalagem para não levantar suspeitas.
Incluir a receita médica na bagagem também é aconselhado pelo médico. “Caso a pessoa esteja fora do país e precise comprar mais remédio, ela precisará passar em um hospital e traduzir a prescrição para a língua do lugar onde está”, ensina Ariovaldo.
