Dia Nacional de Combate ao Fumo: Covid serve de motivação extra para largar o vício

Vivian Chagas (*)
24/08/2020 às 13:34.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:22
 (Reprodução/ TV Mais News)

(Reprodução/ TV Mais News)

O esforço para eliminar o hábito de fumar é válido em qualquer época da vida. Com a pandemia do novo coronavírus, fica ainda mais urgente do que nunca. Além de ser um fator de risco para diversos tipos de câncer, doenças cardiovasculares e respiratórias, fumar aumenta o risco de desenvolvimento da forma grave da Covid, alerta a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O psiquiatra Guilherme Rolim relata que muitos pacientes fumantes em tratamento para outras condições têm procurado o consultório para tentar deixar o vício. "Esse momento de pandemia se tornou uma oportunidade motivacional para cessar o tabagismo", aponta Rolim.

Fumante há 15 anos, a diarista Fernanda Xavier conta que já tentou parar de fumar várias vezes, mas todas sem sucesso. Com três filhos, a pandemia serviu de motivação para uma nova tentativa, diante do medo de que algo grave acontecesse com ela e os filhos ficassem sem amparo, já que é viúva. "Estou há três meses sem fumar. Optei pela parada imediata e não vou mentir, foi difícil. Tive crises de abstinência com sintomas como dor de cabeça, tontura e alterações no sono por duas semanas", lembra.

Fernanda enfatiza que o apoio dos filhos foi e tem sido de grande importância no processo "Durante as crises, sempre procurava conversar com meus filhos e me manter distraída. Com o apoio deles e a minha força de vontade, sei que nunca mais vou colocar um cigarro na boca" afirma.

Quem não conseguiu usar a pandemia como motivação extra deve ficar atento ao efeito contrário que também pode ser provocado pela situação atual. O clinico geral, alergista e imunologista Afonso Botrel alerta para o risco de aumento do consumo do tabaco em função do isolamento, que pode gerar ansiedade e sentimento de solidão, entre outros impactos psicológicos. "É fundamental não esquecer da atividade física nesse período. É essencial fazer uma caminhada nem que seja no quarteirão de casa, e tomar sol, porque aumenta a imunidade", aconselha.

 Reprodução/ TV Mais News / N/A

Especialistas alertam para as complicações da Covid-19 em fumantes

 Atenção ao narguilê e dispositivos eletrônicos 

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o narguilé e os dispositivos eletrônicos para fumar também são prejudiciais à saúde pulmonar, e seu consumo aumenta o risco para desenvolvimento de sintomas mais graves da Covid-19.  Além disso, no uso do narguilé, é comum o compartilhamento das piteiras, expondo os usuários ao risco de contaminação e transmissão de várias doenças infectocontagiosas, entre elas, a Covid. Isso também acontece quando um dispositivo eletrônico para fumar é utilizado por mais de uma pessoa.

Ainda segundo o instituto, pessoas que não fumam, mas moram ou convivem com pessoas que fumam, também sofrem agressões pulmonares que as tornam mais vulneráveis a infecções respiratórias e, possivelmente, às complicações da Covid-19. 

De acordo com a OMS, o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano, considerando fumantes e não fumantes expostos ao fumo passivo. No Brasil, 428 pessoas morrem por dia por causa da dependência de nicotina.

Ao deixar de fumar, os benefícios à saúde são imediatos: após 12 a 24 horas os pulmões já funcionarão melhor. Ainda segundo o  imunologogista Afonso Botrel, a melhora da capacidade respiratória e capacidade física também já podem ser percebidas nos primeiros dias após largar o vício.

(*) Estagiária do Hoje em Dia, sob supervisão da editora Cássia Eponine

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